Dólar sobre mais de 1% à espera de inflação dos EUA; Ibovespa oscila nos 133 mil pontos

O dólar sobe mais de 1% frente ao real nesta terça-feira (10), em linha com os mercados emergentes, enquanto o Ibovespa cai oscilando na margem dos 133 mil pontos, à medida que investidores mostravam aversão a ativos de maior risco em meio à fraqueza dos preços de commodities e na espera de dados de inflação dos Estados Unidos na quarta-feira (11).

Os participantes do mercado se preparavam para o relatório do índice de preços ao consumidor do Departamento do Trabalho e para o primeiro debate entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump, que estão em uma disputa acirrada pela Casa Branca.

Às 14h30, o Ibovespa recuava 0,55%, aos 133.997,34 pontos. Na última sessão, o principal índice do mercado brasileiro encerrou com alta de 0,12%, acompanhando o clima positivo de fechamento em Wall Street e nas principais praças da Europa.

No mesmo horário, o dólar subia 1,25%, cotado a R$ 5,653. A moeda encerrou a segunda-feira com perda de 0,14%, negociado a R$ 5,581 na venda, após ter ficado em alta ao longo do dia.

Cenário externo

O relatório de quarta-feira deve mostrar que a inflação dos EUA continua a se aproximar da meta de 2% do Federal Reserve, refletindo a crença do chair do Fed, Jerome Powell, de que o aumento dos preços está agora sob controle, e o abrandamento do mercado de trabalho sugere que chegou a hora de um corte na taxa de juros.

Atualmente, os mercados financeiros estão considerando uma probabilidade de 71% de que o banco central reduza a meta da taxa de juros do Fed em 25 pontos-base no final de sua reunião de política monetária na próxima semana, com 31% de chance de um corte maior de 50 pontos, de acordo com a ferramenta FedWatch da CME.

Mas os operadores continuam ponderando o tamanho do corte, à medida que o último relatório de emprego antes da reunião, divulgado na sexta-feira, mostrou dados mistos que não ajudaram a consolidar as apostas em torno de uma redução de 25 ou 50 pontos-base.

“No exterior, a véspera do CPI deixa os mercados avessos ao risco e o clima de cautela predomina, diante do possível cenário de recessão ou de um pouso suave da economia norte-americana”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

As moedas emergentes também eram afetadas pela piora nas perspectivas econômicas da China, depois que dados de comércio externo mostraram que a segunda maior economia do mundo teve uma desaceleração no crescimento de suas importações na base mensal em agosto, a 0,5%, ante avanço de 7,2% em julho.

O pessimismo se refletia nos preços de commodities importantes, como o petróleo e o minério de ferro, que voltavam a recuar nesta sessão diante dos temores de recuo da demanda do maior importador de matérias-primas do planeta.

Inflação e expectativa para o Copom

No cenário nacional, o mercado digeria novos dados do IPCA em agosto, em busca de sinais sobre a trajetória dos preços no Brasil e, consequentemente, sobre os futuros movimentos do Banco Central na taxa Selic, à medida que agentes financeiros projetam uma alta de juros na reunião da próxima semana.

O IBGE informou que o IPCA teve queda de 0,02% em agosto na base mensal, ligeiramente abaixo da expectativa de economistas consultados pela Reuters de alta de 0,01%. Em 12 meses, o índice desacelerou para um avanço de 4,24%, de 4,50% em julho.

O resultado, apesar de representar uma desaceleração em relação ao mês anterior, ainda mostrou uma inflação distante do centro da meta de 3% perseguida pelo BC, o que tem sido motivo de preocupação para os membros da autarquia.

Esse distanciamento, somado a dados fortes do PIB brasileiro para o segundo trimestre, tem gerado expectativa de alta na Selic, atualmente em 10,50% ao ano, já na próxima reunião do Copom, em 17 e 18 de setembro.

“Diante de uma atividade econômica mais forte do que esperado, de uma inflação que, apesar do dado benigno em agosto, deve terminar o ano próximo da banda superior da meta, de expectativas de inflação desancoradas e uma taxa de câmbio acima de 5,50 reais, o BC deverá iniciar um ciclo de ajuste gradual da taxa de juros na próxima reunião”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

O aumento projetado para a Selic, junto da perspectiva de cortes de juros nos EUA, é, em tese, positivo para o real, uma vez que a moeda brasileira se torna atrativa com um maior diferencial de juros entre as duas economias.

*Com informações de Reuters

Este conteúdo foi originalmente publicado em Dólar sobre mais de 1% à espera de inflação dos EUA; Ibovespa oscila nos 133 mil pontos no site CNN Brasil.

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