VÍDEO: Neta X é um SUV elétrico com bom preço, mas por que ele quase não vende? Veja a avaliação


A marca, pouco (ou nada) conhecida no Brasil, vendeu apenas 42 carros no Brasil durante os quatro primeiros meses de 2025. Será possível reverter a situação? Neta X: veja os pontos positivos e negativos do SUV (que ainda vende pouquíssimo por aqui)
O Neta X é SUV médio que oferece mais espaço no porta-malas que um Jeep Compass híbrido, que o elétrico BYD Yuan Plus e custa menos que alguns concorrentes, mesmo comparado a modelos movidos exclusivamente a gasolina. Então, por que ele vende tão pouco?
A marca, pouco (ou nada) conhecida no Brasil, vendeu apenas 42 carros no Brasil durante os quatro primeiros meses de 2025, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
A concorrente chinesa Zeekr, também novata e sem fama por aqui, vendeu 4,4 vezes mais. Foram 186 modelos emplacados no mesmo período. A líder é a BYD, que colocou 13.281 novos carros nas ruas durante os mesmos quatro meses de 2025.
O g1 testou o Neta X 500 Luxury, versão topo de linha do SUV médio, para avaliar seus pontos fortes e fracos. Será possível reverter esse jogo?
Neta X tem visual minimalista
Neta X de frente
g1 | Fábio Tito
Mesmo com o Neta X mais barato que seus concorrentes dentro de fora do Brasil, no mercado internacional as vendas da marca também não decolaram e fizeram a companhia repensar muitos de seus planos, envolvendo até mesmo demissão de funcionários.
Segundo Wilson Sun, presidente assistente da fabricante, Neta significa “espírito que nunca desiste”. Essa persistência será necessária, realmente.
Por aqui, o Neta X 500 Luxury briga com Jeep Compass, que é vendido por aqui em versão a combustão e híbrida plug-in. Ainda entram neste bolo o Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos, Hyundai Creta e Nissan Kicks, todos em versão topo de linha.
A primeira diferença do Neta X é o visual minimalista, um alívio em meio a concorrentes com excesso de informações em adesivos.
A BYD, por exemplo, costuma estampar o nome da marca por extenso, escrevendo “Build your Dreams” logo abaixo do vidro traseiro e coloca outros detalhes, como faz atualmente com as duas versões do Dolphin, Han, Seal e Yuan Plus.
Até a GWM coloca o nome da marca em destaque na tampa traseira de modelos como Haval e Ora 03, indo até o Tank. Neste último, temos “GWM TANK” de um lado da traseira, “300” do outro, enquanto PHEV e Hi4-T juntos na parte inferior.
No Neta X, o logo da marca está em uma cor que não contrasta com a pintura do carro, e a única adição na tampa do porta-malas é a letra X, representando o nome do modelo.
Além do minimalismo, o restante do visual do carro não tem tanta personalidade. Não que seja ruim, mas não chama atenção, e as linhas laterais que podem ser reconhecidas como inspiradas em outros SUVs médios, como Nissan Kicks e Honda HR-V.
Logo da Neta fica pouco visível na traseira do Neta X
Fábio Tito/g1
Neta X é espaçoso e concentra comandos na central multimídia
Os maiores pontos de destaque do Neta X estão no interior. O primeiro e mais visível é o acabamento. Há poucas partes com plástico duro e, em praticamente todos os cantos onde você pode colocar a mão, a fabricante utiliza couro ou tecido, sempre macios ao toque.
Esse tipo de conforto ao toque não é exclusividade da Neta, mas se destaca por estar presente em um veículo próximo dos R$ 200 mil. Acabamento predominantemente em couro tende a aparecer apenas em carros mais caros.
Interior do Neta X com 80% do acabamento em couro
Fábio Tito/g1
Geralmente, um bom espaço para as pernas do passageiro significa um porta-malas menor. Não é o que ocorre com o Neta X, que oferece 508 litros para bagagens. Nesse aspecto, ele também supera o Jeep Compass (476 litros) e o BYD Yuan Plus (440 litros).
Outro ponto de destaque é o espaço interno. São 2,77 metros de entre-eixos, com assoalho plano. Esse espaço é maior que o de seu único concorrente direto, o BYD Yuan Plus (2,72 metros), além de ser mais espaçoso que um Jeep Compass (2,63 metros).
Com o banco do motorista ajustado para uma pessoa de 1,65 metro, há mais de dois palmos de espaço entre o joelho do passageiro e o assento à frente.
Neta X tem bom espaço interno
Fábio Tito/g1
Como nem todo carro é perfeito, o Neta X tem pontos negativos que precisam ser considerados. O primeiro deles é a quantidade exagerada de ajustes do veículo presentes apenas na central multimídia.
Ela é espaçosa (15,6 polegadas), como todo bom carro chinês moderno, e tem resolução para fácil leitura de todo conteúdo, mas até o controle dos retrovisores laterais depende dela. Outros ajustes que deveriam estar em locais mais acessíveis, como os comandos dos faróis, os modos de condução e acionamento do teto solar, também estão na central multimídia.
Imagine que, para ligar o farol, fechar o teto solar ou ajustar o retrovisor, você precisa tocar na tela, sair do GPS ou do controle de mídia, entrar nos ajustes, selecionar a função desejada e só então controlar o recurso do veículo — foram cerca de três toques na central multimídia, sempre retirando atenção da rodovia.
Outro ponto negativo, embora menor, é a localização do câmbio. Ele está na haste que fica na coluna de direção, onde geralmente estão os ajustes do limpador de para-brisas. Esse é um local comum em carros dos Estados Unidos, mas não nos vendidos no Brasil.
Central multimídia do Neta X concentra muitas funções, como controle dos espelhos e até dos faróis
Fábio Tito/g1
Ainda na área do motorista, o painel de instrumentos é digital e tem 8,9 polegadas. Ele é moderno, como se espera de um carro atual, mas os indicadores são fixos — não há possibilidade de personalizar o conteúdo exibido.
Uma das maiores vantagens desses painéis digitais é justamente a capacidade de exibir as informações mais relevantes para cada motorista. No Neta X, não há necessidade de mostrar constantemente todas as posições de marcha; bastaria destacar a “engatada”.
Essas escolhas poderiam ser substituídas por outros dados, como ocorre em modelos concorrentes — inclusive em veículos bem mais baratos, como o Volkswagen Polo — mas não no Neta X.
Por fim, o retrovisor central não possui a função de ofuscamento automático dos faróis dos carros que vêm atrás. Esse recurso, assim como a personalização do painel digital, já é comum até em veículos de menor preço, como o Volkswagen Nivus.
Volante do Neta X não oferece controles, como de piloto automátivo adaptativo
Fábio Tito/g1
Elétrico é esperto, mesmo com motor mais simples
À primeira vista, a potência de 164 cv em um carro com mais de 1,7 mil quilos pode sugerir um desempenho tímido, especialmente em ultrapassagens na estrada. Esse seria o caso de um veículo a combustão, mas não se aplica a um elétrico.
O torque instantâneo compensa a potência menor. Para ilustrar melhor: durante os testes, sempre conseguimos fazer o Neta X sair na frente das motos ao abrir o semáforo, além de nos proporcionar ultrapassagens seguras na estrada.
Comparado a um SUV de porte semelhante, mas com motorização a combustão, o Neta X oferece um desempenho equivalente ao esperado de um motor 1.4 ou 1.6, ambos turbo.
A suspensão é macia, como em quase todo carro chinês. Com elas o conforto em ambientes urbanos foi uma realidade, com o conjunto amortecendo bem os impactos de buracos, lombadas e valetas, que dificilmente causam maiores solavancos aos ocupantes.
Por fim, o último ponto negativo do Neta X é o tempo de atuação da empresa no Brasil, já que a marca ainda não possui a mesma rede de concessionárias e assistência de uma BYD, Volkswagen, GM ou Fiat.
Quem compra um carro neste momento inicial da marca precisa estar ciente de que pode enfrentar dificuldades para encontrar peças ou conseguir reparo especializado fora das capitais.
No final das contas, o Neta X é vendido por R$ 214,9 mil e é tão ágil e arisco, ou até mais, que um Jeep Compass 4XE, versão híbrida do veículo americano, enquanto custa R$ 132,4 mil a menos — o Jeep é vendido por aqui por R$ 347,3 mil.
O porta-malas é maior, assim como o do BYD Yuan Plus, que é R$ 20,9 mil mais caro.
Outro concorrente eletrificado que o Neta X encontra no Brasil é o Toyota Corolla Cross. Ele tem sistema híbrido pleno, o que impede que o veículo possa circular no modo elétrico por grandes distâncias, como consegue o Compass 4XE, mas vem atraindo compradores no Brasil. Ele custa R$ 219.890 e é, neste momento, R$ 10 mais barato.
O acabamento do Neta X é mais confortável que o desses concorrentes, além de oferecer mais espaço interno para as pernas. Por outro lado, a central multimídia concentra mais comandos do que deveria, e o painel de instrumentos digital carece de personalização.
Neta precisa comer feijão para ir bem no Brasil
O logo da Neta é um ideograma chinês que pode ser traduzido como “pessoas rodeadas pela natureza e esportividade”.
A montadora chinesa Neta Auto faz parte do grupo Hozon New Energy Automobile, um conglomerado que fornece tecnologia para o setor automotivo.
Fundada em 2014, a Hozon registrou mais de 3 mil patentes. Quatro anos depois, lançou a Neta, que possui duas fábricas na China e uma na Tailândia.
Desde 2018, a Neta lançou sete modelos mundialmente: GT (que chega até o final do ano), S (um sedã cupê), U (SUV compacto), L (SUV de porte médio) e V (outro utilitário compacto).
Talvez, uma das saídas para a Neta seja mostrar a solidez da empresa, algo que não conseguiu até agora. Até a chegada das recentes gigantes chinesas ao mercado, havia muita desconfiança de que a montadora fosse simplesmente desaparecer.
Com um carro bom e preço melhor que os adversários, a Neta precisa agora ser mais popular.

Chave do Neta X é pequena como um estojo de maquiagem
Fábio Tito/g1

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