Alemanha começa a barrar requerentes de asilo na fronteiras

Após o novo chanceler federal Friedrich Merz anunciar medidas mais duras contra imigração irregular, agentes de fronteira já barraram a entrada de centenas de pessoas que tentavam ingressar na Alemanha.A Alemanha começou a rejeitar requerentes de asilo em suas fronteiras com outros países europeus, marcando a primeira ação desse tipo desde que o novo governo anunciou medidas mais duras para conter a migração irregular.

Entre quinta e sexta-feira da semana passada (08/05-09/05), das 365 tentativas de ingresso sem documentos registradas em todas as fronteiras do país, 286 migrantes e refugiados foram mandados de volta, incluindo 19 que haviam solicitado asilo, de acordo com dados do jornal Bild am Sonntag.

O jornal apontou que os principais motivos para a rejeição foram: ausência de visto válido e documentos falsos.

O Bild informou ainda que, em dois dias, as autoridades também detiveram 14 contrabandistas, cumpriram 48 mandados de prisão em aberto e prenderam nove indivíduos com base em leis de combate ao extremismo

Quatro requerentes classificados como “vulneráveis” foram autorizados a entrar no país.

Postura mais rígida em relação à imigração

O novo chanceler federal alemão, Friedrich Merz, que assumiu o cargo na semana passada, prometeu implementar controles mais rígidos em todas as nove fronteiras terrestres da Alemanha a partir de seu primeiro dia no cargo, para coibir a entrada de migrantes ilegais.

Merz disse que as medidas, que serão adotadas em caráter temporário, “serão necessárias enquanto tivermos níveis tão altos de migração irregular na União Europeia”.

Ele ainda justificou as medidas argumentando que a Alemanha está cercada por outros países da União Europeia que são considerados seguros, e nos quais migrantes deveriam solicitar refúgio ao desembarcarem pela primeira vez na Europa.

O novo Ministro do Interior, Alexander Dobrindt, também anunciou na quarta-feira que, pela primeira vez, os solicitantes de asilo seriam rejeitados na fronteira sob condições específicas, algo que ainda não vinha sendo feito. As exceções incluem crianças, mulheres grávidas e indivíduos identificados como vulneráveis.

Cerca de 3.000 policiais foram enviados para executar as medidas, de acordo com a mídia alemã.

Tentativa de esvaziar discurso da ultradireita

Ao anunciar mais controles nas fronteiras, Merz argumentou que medidas duras serão necessárias para aliviar as preocupações dos eleitores e deter a ascensão da ultradireita, que vem ganhando popularidade ao defender causas que alimentam sentimentos xenófobos e anti-imigração.

A AfD obteve uma votação recorde de mais de 20% nas últimas eleições federais, ficando atrás apenas da aliança conservadora União Democrata Cristã (CDU) e a União Social Cristã (CSU) liderada por Merz. Desde então, a sigla vem subindo nas pesquisas de opinião, aparecendo algumas vezes em primeiro lugar.

Cerca de dois terços dos alemães são a favor de controles permanentes nas fronteiras, de acordo com pesquisas recentes.

Depois de aumentar os controles durante a pandemia de covid-19, a Alemanha reintroduziu controles temporários em setembro, permitindo que os agentes de fronteira rejeitassem pessoas sem a documentação de entrada correta.

Os dados desde então, até o final de abril, mostraram que 33.406 pessoas foram barradas nas fronteiras terrestres, segundo dados do jornal Bild.

A maioria estava tentando entrar ilegalmente na Alemanha e mais de 1.200 já haviam sido deportadas anteriormente. Os números também incluíram contrabandistas, extremistas e milhares de pessoas com mandados de prisão em aberto.

O acordo de coalizão entre a CDU/CSU e o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, estabelece que todas as pessoas que chegarem às fronteiras alemãs sem documentos terão a entrada recusada, incluindo as que buscam asilo.

Este último ponto gerou controvérsia, com alguns no SPD expressando preocupações de que a medida pode não ser compatível com a legislação da União Europeia.

O acordo diz ainda que o aumento dos controles de fronteira permanecerá em vigor até que “haja proteção efetiva das fronteiras externas da UE”.

Os pedidos de asilo na Alemanha têm diminuído recentemente. Nos primeiros três meses do ano, foram apresentados 37.387 pedidos, segundo o jornal Welt am Sonntag. O número representa uma redução de 46% em relação ao mesmo período do ano passado.

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