Nova tragédia em ilha na Itália deixa 3 migrantes mortos

LAMPEDUSA, 12 MAI (ANSA) – A ONG Nadir resgatou no último sábado (10) na ilha de Lampedusa, Sicília, sul da Itália, uma embarcação à deriva com três corpos – sendo duas crianças e um adulto – e 57 migrantes oriundos de diversos países da África.   

Segundo relatos dos sobreviventes, um homem segue desaparecido.   

Apesar das tragédias frequentes com travessias do tipo, outros dois barcos com deslocados foram resgatados no local nesta segunda-feira (12).   

Ao que tudo indica, os menores de apenas dois anos e um homem com cerca de 30 anos faleceram de fome e de sede a bordo de um bote de oito metros que zarpou na última quarta-feira (7) de Zawia, na Líbia, junto com outras 58 pessoas, mas que devido à falta de combustível, permaneceu à deriva até sábado, quando foi resgatado pelo navio da ONG Nadir após um sinal de alerta da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex).   

“É intolerável continuar esta contagem interminável de crianças morrendo por causa da nossa indiferença. Pensar que duas pequenas vidas foram interrompidas devido à fome e à sede, a poucos passos do que deveria ser a terra onde elas poderiam crescer, é inaceitável”, afirmou a diretora geral da ONG Save The Children, Daniela Fatarella.   

Os 57 sobreviventes, dos quais 13 são mulheres e dois são menores, são originários de Gâmbia, Gana, Niger, Serra Leoa, Nigéria e Togo e foram resgatados semiconscientes. Seis deles estavam com queimaduras no corpo causadas pelo forte calor e pelo contato com o combustível do bote.   

Os socorristas foram informados ainda que durante a travessia, nas águas de Malta, um homem pulou no mar, provavelmente para buscar alívio para suas queimaduras. No entanto, ele não conseguiu retornar ao bote.   

A chegada de embarcações com deslocados à Lampedusa continua: nesta segunda-feira (12), a Guarda Costeira italiana resgatou 191 migrantes em duas embarcações distintas, com egípcios, eritreus, etíopes, somalis, sudaneses, afegãos, bengaleses, marroquinos e paquistaneses.   

Os dois grupos disseram que partiram de Zouara e Sabratah, na Líbia, pagando US$ 5 mil (R$ 28,4 mil) por pessoa pela travessia. Todos foram levados para um abrigo, onde, no momento, há 495 refugiados, incluindo 64 menores desacompanhados.   

A Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório publicado em abril, relembrando um anterior de 2023, cita o envolvimento da chamada Guarda Costeira da Líbia no tráfico de pessoas.   

“Várias entidades públicas líbias, incluindo o Departamento de combate à imigração ilegal e a Guarda Costeira, estão envolvidas no contrabando de migrantes, todas filiadas ao Estado líbio, o que as torna responsáveis perante o direito internacional”, disse a Mediterranea Saving Humans, tendo como base o relatório da ONU.   

Segundo a ONG, “está na hora de a Europa assumir sua responsabilidade e rever radicalmente suas políticas de migração, colocando a vida e a dignidade das pessoas em primeiro lugar”, referindo-se aos três mortos que desembarcaram em Lampedusa no bote com 57 migrantes. (ANSA).   

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