Rússia rejeita ultimato para trégua na Ucrânia

LONDRES, 12 MAI (ANSA) – A Rússia rejeitou nesta segunda-feira (12) qualquer “ultimato” sobre um cessar-fogo na Ucrânia, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citado pela agência de notícias Ria Novosti.   

Segundo o representante russo, a “linguagem do ultimato” feito por líderes europeus no final de semana, após terem se reunido com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “é inapropriada”. Ao lado do chefe de Estado de Kiev, autoridades do Reino Unido, França, Alemanha e Polônia, apoiaram a proposta de cessar-fogo de 30 dias a partir deste 12 de maio, ameaçando Moscou com novas sanções, caso não fosse aceita.   

“Não se deve falar com a Rússia deste modo”, afirmou Peskov, dizendo ainda que seu país rejeita “qualquer ultimato” sobre um cessar-fogo.   

“Em geral, estamos engajados em uma busca séria por maneiras de alcançar uma solução pacífica de longo prazo”, rebateu Peskov.   

A decisão de Moscou levou a novos pedidos, assim como, a críticas.   

Nesta segunda, a China emitiu um comunicado onde solicita um “acordo de paz vinculativo para todas as partes” para acabar com a guerra na Ucrânia, depois que Kiev e seus aliados pediram a Moscou que concordasse com um cessar-fogo de 30 dias, mas o presidente russo, Vladimir Putin, reiterou seu apelo por negociações diretas.   

“Apoiamos todos os esforços que promovam a paz e esperamos que as partes envolvidas decidam continuar a resolver a questão por meio do diálogo e da negociação”, falou o porta-voz do Ministério do Exterior de Pequim, Lin Jian.   

Também hoje, Kiev acusou o governo russo de atacar o país com mais de 100 drones, ignorando o pedido de Zelensky de prolongar a trégua por ao menos 30 dias.   

“Moscou desperdiça outra oportunidade de acabar com os assassinatos [na Ucrânia]. Isso prova, mais uma vez, que o único objetivo da Rússia é prolongar a guerra”, declarou no X o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Sybiha.   

Para o vice-premiê da Itália e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, após criticar os novos ataques de Moscou contra Kiev, afirmou que “a responsabilidade pela paz está nas mãos de Putin”.   

“Nós defendemos a Ucrânia não apenas porque é candidata à União Europeia, mas também porque defendemos o direito internacional”, disse Tajani, reforçando ainda que é impossível “fazer negociações sérias em meio a combates ou enquanto Putin tenta utilizar seus ataques para ocupar novos territórios”.   

Por fim, o vice-premiê italiano também destacou, em nome da UE, que “se a Rússia não quiser trabalhar pela paz, seremos obrigados a colocar [contra Moscou] novas sanções”.   

“Não quero assumir uma linha dura, mas quando você tem um interlocutor que violou o direito internacional e não parece querer aceitar boas propostas, como as americanas e as que os europeus fazem, me parece que ele [Putin] não quer seguir um caminho que leve à paz”, concluiu Tajani.   

Sobre a possível negociação para a trégua na guerra iniciada em fevereiro de 2022, o presidente ucraniano voltou a garantir que viajará para Istambul.   

“Eu estarei na Turquia. Espero que os russos não fujam da reunião. E, claro, todos nós na Ucrânia gostaríamos que o presidente [dos Estados Unidos, Donald] Trump pudesse estar presente nesta reunião”, escreveu Zelensky nas redes sociais.   

Já Trump, até o momento, não confirmou sua presença em Istambul, mas pediu que os líderes ucraniano e russo estejam presentes.   

“Estou pensando em ir ao encontro em Istambul. Existe essa possibilidade, caso eu ache que as coisas possam acontecer”, disse o mandatário americano.   

Ao mesmo tempo, o encarregado da Defesa da Comissão Europeia, Andrius Kubilius, anunciou nesta segunda a criação inédita de uma força-tarefa interinstitucional entre União Europeia e Ucrânia.   

“Hoje especialistas ucranianos e europeus se encontrarão pela primeira vez para auxiliar na integração de nossas indústrias de defesa, para facilitar o desenvolvimento de projetos conjuntos ou processos de aquisição conjunta”, informou Kubilius sobre a parceria, acrescentando que espera que “esta força-tarefa dê novo ímpeto à nossa cooperação e nos ajude a implementar disposições importantes do Livro Branco”, documentos que contêm propostas de ação da UE em uma área específica. (ANSA).   

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