Pepe Mujica: 10 fatos surpreendentes sobre o ex-presidente uruguaio

José “Pepe” Mujica, o ex-presidente uruguaio que governou o Uruguai entre 2015 e 2018, e conquistou admiração mundial, acumulou diversas histórias curiosas ao longo de sua vida.

Das ofertas milionárias que recebeu e que nunca aceitou para vender seu famoso fusquinha azul claro, até o triste fato de ter tido que beber a própria urina para sobreviver na prisão, são diversos os episódios que tornam a história do falecido líder esquerdista tão surpreendente.

A CNN compilou dez curiosidades sobre o ex-presidente que atraiu a atenção do planeta para o Uruguai, o segundo menor país da América do Sul. Confira:

Ofertas milionárias pelo fusquinha

Pepe Mujica recebeu uma oferta de mais de um milhão de dólares pelo seu famoso fusquinha. A primeira proposta foi feita a ele em nome de um xeique árabe durante uma cúpula de países do G77+China, na Bolívia, em 2014.

No mesmo ano, o então embaixador do México no Uruguai, Felipe Enríquez, ofereceu a Mujica dez caminhonetes pelo fusquinha azul. Ele disse ter ficado surpreso com as propostas, mas acabou mantendo o carro.

Em janeiro de 2023, em uma visita ao ex-presidente em sua chácara na região metropolitana de Montevidéu, o presidente Lula, que acabava de voltar ao poder, passeou com Mujica no fusquinha azul.

Pernas à mostra

Avesso a qualquer formalidade, Mujica se negou a usar gravata em eventos oficiais, como atos de governo, reuniões bilaterais com pares de outros países e cúpulas presidenciais. O acessório foi rejeitado por ele inclusive na sua cerimônia de posse.

Mas a descontração no modo de se vestir causou particular repercussão na cerimônia em que um dos ministros da Economia de seu mandato, Mario Bergara, assumiu. Mujica usou, no evento, calças curtas e sandálias, expondo boa parte das pernas e os dedos dos pés.

Bebeu xixi para sobreviver

Em um ato em 2009, o ex-guerrilheiro tupamaro que esteve preso com Mujica e depois se tornaria seu ministro da Defesa, Eleuterio Fernández Huidobro, disse que era possível que o Uruguai tivesse como presidente uma pessoa que tomou seu próprio xixi.

A fala foi registrada, segundo a imprensa local, em um ato, no qual Huidobro disse que, diante da crueldade dos carcereiros que não permitiam que os detentos bebessem água, um dia os prisioneiros tiveram que decidir se tomariam sua própria urina. E que assim o fizeram.

Recusou residência presidencial

Durante seu governo, Mujica não se mudou para a residência Suárez y Reyes, a moradia presidencial do Uruguai, localizada no aristocrático bairro do Prado, em Montevidéu. O então presidente preferiu continuar dormindo em sua modesta chácara, em Rincón del Cerro, na periferia rural de Montevidéu.

Lá, cultivava flores e legumes, dirigindo seu próprio trator, ao lado da esposa, a ex-guerrilheira Lucía Topolansky, e uma cachorra de três patas, Manuela.

“Seria complicar minha vida. Tem quatro andares, para tomar o chá tem que fazer uma expedição… não, não. Tem que chamar gente que te sirva”, disse, sobre a recusa a se mudar para a residência presidencial, ao canal Todo Noticias, afiliado da CNN na Argentina.

Ao longo de seu mandato, ele também vendeu a residência presidencial de verão, em Punta del Este. O valor do imóvel foi destinado a um plano de moradia para setores vulneráveis criado por Mujica.

Faixa presidencial sem medida

Mujica queria pegar a faixa presidencial de Tabaré Vázquez, seu antecessor, para a posse de 1o de março de 2010, e devolvê-la depois, mas o então presidente se recusou. O empresário uruguaio Alberto Fernández, dono da maior empresa pesqueira do país, que queria dar a faixa de presente para Mujica, teve que insistir à exaustão para que o futuro presidente aceitasse a confecção de uma nova.

“Faça o que quiser, mas eu não vou provar nada”, disse Mujica na ocasião. O empresário, então, usou uma almofada como parâmetro para estabelecer medidas para a faixa, encomendada à Congregação Oblatas do Santíssimo Redentor, que tradicionalmente se encarregava dessa tarefa.

As freiras da congregação chegaram a ir à chácara e tirar algumas medidas de Mujica, mas o trabalho principal já estava feito e a faixa ficou muito grande: ultrapassava os joelhos de Vázquez e chegava à metade da coxa de Mujica. A história é contada no livro “Uma ovelha negra no poder: Confissões e intimidades de Pepe Mujica”, de Ernesto Tulbovitz.

Foi vendedor de flores

Órfão de pai desde os oito anos, Mujica teve que trabalhar na infância para ajudar a mãe com as finanças domésticas. Com ela, ele aprendeu a cultivar flores. Depois, as vendia em feiras próximas de casa. O ex-presidente manteve o ofício ao longo da vida como fonte de renda, e apesar de afirmar que já não as plantava por darem muito trabalho, o líder uruguaio continuou cultivando uma horta para consumo próprio e trabalhando no campo.

Travou batalha por penico

Em 1976, durante seus longos anos de prisão, Mujica ficou com incontinência urinária e era impedido pelos militares de ir ao banheiro. Sabendo da situação, sua mãe Lucy Cordano levou para ele um penico rosa e conseguiu autorização para que fosse entregue ao filho.

Mesmo assim, os militares impediram que o objeto chegasse às mãos de Mujica. Após muito insistir para que lhe dessem o penico, ele aproveitou uma festa, com convidados ilustres, no quartel onde estava preso, para gritar pela janela que não o deixavam fazer xixi.

O escândalo chamou atenção dos convidados, até que o major da unidade foi até Mujica, escutou o pedido e lhe entregou o penico. O objeto, rosa, foi cuidado por Pepe como uma preciosidade – o que realmente era nas condições insalubres da prisão.

Pepe saiu carregando seu penico no dia em que foi solto. Dentro do recipiente, ele levou com ele calêndulas, que ele cultivou e conseguiu que florescessem no canteiro da prisão.

Moedas presidenciais

Em 2014, quando dava entrevista a canais de televisão uruguaios, Mujica foi abordado por um homem pedindo dinheiro. “Uma moeda para comer alguma coisa, Pepe”, pediu o mendigo.

O então presidente pediu, então, que alguém ajudasse o pedinte. Mas, logo, o homem voltou e pediu: “Uma moeda sua, Pepe”. Mujica, então, abriu a carteira, tirou uma nota e exclamou: “Olha, irmão, moeda não tenho, mas não chore!”

O mendigo, então, disse querer que Mujica fosse presidente a vida inteira, ao que ele respondeu, rindo: “Não, não, você é louco!”. E ainda brincou: “Passe o chapéu, passe o chapéu”, estimulando o homem a pedir dinheiro para os demais presentes.

Futebol para disfarçar

Mujica participou de uma enorme fuga que entrou para a história do Uruguai em 1971, quando 111 detentos – 105 guerrilheiros e presos políticos, com seis presos comuns – conseguiram escapar. A fuga massiva da penitenciária de Punta Carretas foi possível após os prisioneiros cavarem um túnel que conectou 25 celas.

No livro “Mujica – A revolução tranquila, o autor Mauricio Rabuffetti descreve que para não serem descobertos, os prisioneiros taparam os buracos com gesso – que seus familiares levavam para a prisão como se fosse farinha – cartazes e pôsteres.

Eles pagavam aos guardas para que aumentassem os prazos entre as revistas de celas e aproveitavam partidas de futebol entre os detentos, para fazer o túnel, gritando gols e faltas que nunca ocorreram para disfarçar o barulho da escavação.

Perdeu meio pulmão, baço e dentes

Mujica levou diversos tiros durante o passado como guerrilheiro. Em algumas circunstâncias afirmou que foram 7, em outras que foram nove. Em uma das vezes que foi atingido com disparos, perdeu meio pulmão e o baço.

Na prisão, padeceu de doenças psicológicas e físicas. Delirou. Teve diarreias e incontinência urinária. E perdeu dentes de tanto que apanhou nas torturas.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Pepe Mujica: 10 fatos surpreendentes sobre o ex-presidente uruguaio no site CNN Brasil.

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