Uma operação do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Subsecretaria de Inteligência da PM desencadeada nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (13), no Complexo da Maré, zona norte do Rio, teve como principal alvo Thiago da Silva Folly, conhecido como “TH da Maré”, apontado como a principal liderança da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) na região.
A ação resultou na morte de TH, considerado um dos criminosos mais perigosos do estado e chefe da facção na comunidade. Sua morte encerra uma longa fuga da Justiça, já que ele era procurado pela polícia e foragido desde 2016.
A operação e o confronto armado para localizar TH da Maré geraram intensos impactos na rotina da cidade mas também geram impacto a longo prazo na segurança pública no Rio de Janeiro.
Chefe da PM mostra ficha criminal de TH da Maré e cobra leis mais duras
Impactos no trânsito e segurança pública
Nessa manhã de terça houve intenso tiroteio que provocou pânico entre os moradores do Complexo da Maré. O clima na região permaneceu de tensão. Vias expressas importantes foram afetadas e interditadas. A Linha Amarela foi interditada diversas vezes, chegando a ser fechada seis vezes por conta da intensificação dos tiroteios. Os acessos entre a Avenida Brasil e a Linha Vermelha também foram afetados pelos bloqueios.
Motoristas relataram momentos de tensão e alguns precisaram retornar na contramão. Imagens mostraram veículos parados e dando marcha ré na Linha Amarela. Barricadas com fogo foram colocadas por criminosos em diferentes pontos da comunidade para dificultar o acesso.
A Polícia Militar determinou a ocupação do Complexo da Maré por tempo indeterminado para garantir a circulação nas vias expressas da região.
Durante a operação, além de TH e dois de seus seguranças que morreram no local, duas outras pessoas foram baleadas e socorridas ao Hospital Municipal Evandro Freire. Uma fonte inicial mencionou que pelo menos três pessoas baleadas chegaram mortas ao hospital.
Impactos nos serviços públicos
A operação impactou diretamente a educação: 43 unidades escolares municipais e 2 estaduais foram afetadas devido ao comprometimento do acesso de alunos e profissionais.
Na área da saúde, 4 unidades municipais suspenderam atendimento ou as atividades externas para a segurança de profissionais e usuários.
O transporte público também foi drasticamente afetado: cerca de 70 linhas de ônibus que circulam pela Avenida Brasil e pela Linha Amarela precisaram desviar seus trajetos.
Impacto na segurança pública
Segundo a Polícia Militar, a morte de TH da Maré representa um golpe significativo no comando do TCP dentro do Complexo da Maré. O Complexo da Maré é composto por 16 comunidades, das quais 11 são controladas pelo TCP. A região é marcada por confrontos constantes entre facções rivais e grupos paramilitares.
Durante entrevista coletiva, o secretário de Estado da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Marcelo Menezes, exibiu a extensa ficha criminal de TH e fez um apelo por mudanças na legislação penal e pelo “endurecimento das leis”. Ele ressaltou a necessidade de reflexão sobre o cumprimento e encarceramento desses “narcoterroristas”.
A Polícia Militar informou que seguirá com ações de repressão ao crime organizado na Maré, visando especialmente lideranças de alto escalão.
No mesmo dia, uma megaoperação foi deflagrada contra o Comando Vermelho (CV), revelando que criminosos de outros estados estão migrando para o Rio e assumindo postos de liderança no CV, ampliando sua logística e blindagem contra a repressão.
Esta operação contra o CV mirou endereços de luxo e buscou a asfixia financeira do grupo, com movimentação de milhões em lavagem de dinheiro. Embora distinta da operação na Maré, ocorreu simultaneamente e demonstra a amplitude das ações policiais contra as facções no estado.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Entenda impactos de operação contra “TH da Maré” na segurança pública do RJ no site CNN Brasil.