
A Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), principal porta de entrada para a Universidade de São Paulo (USP), mudará seu modelo de prova a partir da próxima edição — a Fuvest 2026 — e passará a propor outros gêneros textuais na redação, além da dissertação tradicional utilizada nas últimas décadas.
Para apresentar a nova proposta, nos dias 26 e 27 de abril, foram realizados simulados on-line com duas propostas de redação, o objetivo também foi avaliar o desempenho dos candidatos e a atuação da banca diante dos novos formatos. De acordo com a analista pedagógica da plataforma Redação Nota 1000, Amanda Rodrigues, a mudança mais significativa foi, de fato, a adição de um gênero textual divergente das dissertações tradicionais.
“Como o próprio edital do simulado e o programa para o vestibular de 2026 haviam antecipado, houve a demanda de um gênero textual que contém traços composicionais que divergem do texto dissertativo-argumentativo. Além disso, conforme anunciado pelo regulamento do simulado, apesar da cobrança de dois gêneros textuais distintos, ambos tiveram o mesmo tema gerador, compartilhando, inclusive, a mesma coletânea de textos”, explica a especialista.
O que esperar dos novos gêneros de texto?
Diante dessas mudanças, segundo Amanda Rodrigues, é possível que os candidatos enfrentem dificuldades. No entanto, ela ressalta que a proposta está alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o que indica que os alunos, em sua maioria, já tiveram contato com diferentes gêneros textuais durante o percurso escolar. Ela acrescenta ainda que é pouco provável que os temas abordados sofram alterações significativas, mantendo-se o foco na discussão de questões complexas, de cunho social e filosófico, como nas edições anteriores.
Nesse contexto, a especialista recomenda que os estudantes pratiquem a escrita de gêneros variados, a partir de temas já utilizados nas edições anteriores da Fuvest, ou de assuntos compatíveis com o perfil da banca. Além disso, Amanda Rodrigues pontua que não há previsão de maior rigor nos critérios já estabelecidos para a correção. Por outro lado, ressalta que a avaliação pode variar conforme o gênero proposto, já que cada tipo de texto apresenta expectativas específicas.
Por fim, a especialista compartilha 5 recomendações fundamentais para quem vai prestar a Fuvest 2026 e deseja se preparar para o novo modelo de redação. Confira:
1. Trabalhe a interpretação e a análise da coletânea
Os textos costumam promover reflexões relevantes, mas nem sempre óbvias. Desenvolver essas habilidades é essencial para aproveitar melhor os conteúdos oferecidos e aplicá-los estrategicamente na redação.

2. Pratique a escrita com qualidade
Sempre que possível, simule o ambiente da prova — sem consulta, com tempo cronometrado, em local silencioso. Comece com um planejamento textual e, ao final, revise criticamente sua produção, identificando pontos fortes e buscando soluções para os pontos a melhorar.
3. Tenha contato com a escrita de diferentes gêneros textuais
Além da dissertação, familiarize-se com os traços composicionais de gêneros como carta, artigo de opinião, conto, manifesto, entre outros.
4. Amplie seu repertório sociocultural
Consuma conteúdos que incentivem reflexões sobre a sociedade contemporânea. Ter uma visão crítica e atenta da realidade contribui significativamente para a construção de argumentos sólidos.
5. Acompanhe as orientações da própria banca
O programa do vestibular, já divulgado pela Fuvest, é a fonte mais precisa sobre as mudanças e pode orientar os candidatos quanto às expectativas em relação à produção textual.
Por Laura Ragazzi