Whindersson: especialistas citam avanço de neuromodulação para depressão persistente

[ALERTA GATILHO: este texto aborda assuntos como depressão, o que pode ser gatilho para algumas pessoas. Caso você se identifique, tenha depressão ou pensamentos suicidas, procure apoio no Centro Voluntário à Vida pelo telefone 188]

Whindersson Nunes, 30 anos, revelou publicamente em 2019 o diagnóstico de depressão. Em tratamento constante desde então, o humorista lida com altos e baixos da doença psíquica, que afeta o seu humor, comportamento, relações e, consequentemente, a forma de levar a vida adiante.

Em fevereiro deste ano, seis anos após a confirmação do diagnóstico, o comediante se internou voluntariamente em uma clínica psiquiátrica, onde ficou por cerca de um mês, e agora segue em acompanhamento periódico em casa.

+ Whindersson Nunes deixa clinica psiquiátrica após um mês internado

Em entrevista à IstoÉ Gente, os médicos *Soraya Aurani Jorge Cecilio e **Ricardo Galhardoni, da healthtech BrightBrains, explicam que a depressão evolui para o quadro de depressão persistente após dois anos ou mais de sintomas – caso semelhante ao de Whindersson.

E uma das alternativas atuais para este tipo de enfermidade é a neuromodulação não-invasiva. Trata-se de uma tecnologia que estimula regiões específicas do cérebro por meio de campos magnéticos ou pulsos elétricos.

Indicada para o tratamento de depressão, ansiedade, Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Acidente Vascular Cerebral (AVC), Parkinson, enxaqueca, dor crônica, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições neurológicas, é considerada uma alternativa eficaz para quem busca opções além da medicação — especialmente pacientes que não respondem bem aos fármacos tradicionais.

O que é depressão persistente?

A depressão persistente, também chamada de transtorno depressivo persistente ou distimia, é um tipo de depressão de longa duração. Embora os sintomas sejam mais leves do que os da depressão maior, eles se mantêm por dois anos ou mais, comprometendo significativamente a qualidade de vida. Os sintomas mais comuns incluem:

  • humor deprimido na maior parte dos dias;
  • baixa autoestima;
  • sensação de desesperança;
  • alterações no apetite, no sono e nos níveis de energia.

Qual a diferença entre depressão crônica, depressão maior e depressão persistente?

A depressão maior é caracterizada por sintomas intensos — como tristeza profunda, perda de interesse e cansaço extremo — que duram, no mínimo, duas semanas. Já a depressão persistente apresenta sintomas mais leves, porém contínuos por dois anos ou mais, afetando o dia a dia de forma constante. O termo “depressão crônica” é mais amplo e pode se referir tanto à depressão maior prolongada quanto à persistente, englobando qualquer quadro depressivo de longa duração, com recaídas frequentes ou sintomas contínuos.

Quais alterações cerebrais acontecem na depressão persistente?

A depressão persistente envolve mudanças em áreas do cérebro responsáveis pelo humor
e comportamento. Pesquisas indicam:

  • redução da atividade no córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (relacionado ao
    controle emocional e tomada de decisões);
  • hiperatividade da amígdala (ligada às respostas ao medo e ao estresse);
  • desequilíbrios nos neurotransmissores, como serotonina, dopamina e noradrenalina;
  • redução da neuroplasticidade e do volume do hipocampo, área fundamental para memória e aprendizado.

Quais as opções de tratamento para depressão persistente?

O tratamento pode incluir:

  • psicoterapia (como a terapia cognitivo-comportamental);
  • medicação antidepressiva;
  • neuromodulação não invasiva, como:
  • estimulação Magnética Transcraniana (TMS);
  • estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS).

Essas abordagens são especialmente eficazes para pacientes refratários, que não respondem bem a medicamentos ou apresentam efeitos colaterais indesejados.

O que NÃO dizer a uma pessoa com depressão persistente?

É fundamental evitar frases que minimizem ou invalidem o sofrimento da pessoa. Exemplos
do que não dizer:

  • “você está assim porque quer”;
  • “é só uma fase, vai passar”;
  • “tem gente com problemas bem piores”;
  • “você tem tudo, por que está triste?”;
  • “anima, pensa positivo”;
  • “depressão é falta de fé, trabalho ou força de vontade.”

Essas falas aumentam o sofrimento e o sentimento de isolamento. O mais importante é escutar com empatia, acolher sem julgamentos e incentivar a busca por ajuda profissional.

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