Ancelotti precisará quebrar tabu para conquistar Copa com Brasil; entenda

Carlo Ancelotti foi anunciado oficialmente como novo treinador da Seleção Brasileira na última segunda-feira (12), com contrato válido até a Copa do Mundo de 2026, que será disputada em Estados Unidos, México e Canadá.

Com estreia marcada para o dia 5 de junho, contra o Equador, pelas Eliminatórias, o técnico italiano tem pela frente uma missão que vai muito além de devolver protagonismo à Amarelinha: ele precisa quebrar um tabu histórico se quiser levantar a taça mais cobiçada do futebol mundial.

Desde a primeira edição da Copa do Mundo da Fifa, em 1930, todas as seleções campeãs foram comandadas por técnicos da mesma nacionalidade. Nenhum estrangeiro conseguiu conquistar o título com um país diferente do seu de origem.

Caso consiga levar o Brasil ao hexacampeonato em 2026, Ancelotti se tornará o primeiro treinador estrangeiro a quebrar essa escrita que já dura quase um século.

Tradição centenária

O levantamento da empresa de inteligência esportiva Oddspedia destaca que, em todas as 22 edições da Copa do Mundo realizadas até hoje, as seleções vencedoras foram lideradas por técnicos nativos.

Do uruguaio Alberto Suppici em 1930 até o argentino Lionel Scaloni em 2022, passando por ícones como Vicente Feola, Mário Zagallo, Enzo Bearzot, Franz Beckenbauer e Didier Deschamps, todos seguiram esse padrão.

O Brasil, por exemplo, conquistou seus cinco títulos mundiais com treinadores brasileiros: Feola (1958), Aymoré Moreira (1962), Zagallo (1970), Carlos Alberto Parreira (1994) e Luiz Felipe Scolari (2002).

Lista de todos os treinadores campeões do mundo

  • 1930: Uruguai – Alberto Suppici (Uruguaio)
  • 1934: Itália – Vittorio Pozzo (Italiano)
  • 1938: Itália – Vittorio Pozzo (Italiano)
  • 1950: Uruguai – Juan López (Uruguaio)
  • 1954: Alemanha Ocidental – Sepp Herberger (Alemão)
  • 1958: Brasil – Vicente Feola (Brasileiro)
  • 1962: Brasil – Aymoré Moreira (Brasileiro)
  • 1966: Inglaterra – Alf Ramsey (Inglês)
  • 1970: Brasil – Mário Zagallo (Brasileiro)
  • 1974: Alemanha Ocidental – Helmut Schön (Alemão)
  • 1978: Argentina – César Luis Menotti (Argentino)
  • 1982: Itália – Enzo Bearzot (Italiano)
  • 1986: Argentina – Carlos Bilardo (Argentino)
  • 1990: Alemanha Ocidental – Franz Beckenbauer (Alemão)
  • 1994: Brasil – Carlos Alberto Parreira (Brasileiro)
  • 1998: França – Aimé Jacquet (Francês)
  • 2002: Brasil – Luiz Felipe Scolari (Brasileiro)
  • 2006: Itália – Marcello Lippi (Italiano)
  • 2010: Espanha – Vicente del Bosque (Espanhol)
  • 2014: Alemanha – Joachim Löw (Alemão)
  • 2018: França – Didier Deschamps (Francês)
  • 2022: Argentina – Lionel Scaloni (Argentino)

Exceção que confirma a regra

Nem mesmo os vices escapam da tendência. A única exceção em quase 100 anos de história foi a Holanda em 1978, finalista sob o comando do austríaco Ernst Happel, que acabou derrotado pela Argentina de César Luis Menotti.

Desde então, todas as seleções que chegaram à final da Copa, vencedoras ou não, foram comandadas por técnicos da mesma nacionalidade.

Lista de todos os treinadores vice-campeões do mundo

  • 1930: Argentina – Francisco Olazar (Argentino)
  • 1934: Tchecoslováquia – Karel Petrů (Tcheco)
  • 1938: Hungria – György Mádi (Húngaro)
  • 1950: Brasil – Flávio Costa (Brasileiro)
  • 1954: Hungria – Gusztáv Sebes (Húngaro)
  • 1958: Suécia – George Raynor (Inglês)
  • 1962: Tchecoslováquia – Rudolf Vytlačil (Tcheco)
  • 1966: Alemanha Ocidental – Helmut Schön (Alemão)
  • 1970: Itália – Ferruccio Valcareggi (Italiano)
  • 1974: Holanda – Rinus Michels (Holandês)
  • 1978: Holanda – Ernst Happel (Austríaco)
  • 1982: Alemanha Ocidental – Jupp Derwall (Alemão)
  • 1986: Alemanha Ocidental – Franz Beckenbauer (Alemão)
  • 1990: Argentina – Carlos Bilardo (Argentino)
  • 1994: Itália – Arrigo Sacchi (Italiano)
  • 1998: Brasil – Zagallo (Brasileiro)
  • 2002: Alemanha – Rudi Völler (Alemão)
  • 2006: França – Raymond Domenech (Francês)
  • 2010: Holanda – Bert van Marwijk (Holandês)
  • 2014: Argentina – Alejandro Sabella (Argentino)
  • 2018: Croácia – Zlatko Dalić (Croata)
  • 2022: França – Didier Deschamps (Francês)

O desafio de Carlo Ancelotti

Aos 65 anos, e prestes a completar 66 no dia 10 de junho, quando o Brasil encara o Paraguai na Neo Química Arena, Ancelotti chega com o respaldo de um currículo recheado. Multicampeão por clubes como Milan e Real Madrid, o italiano é o treinador mais vitorioso da história da Champions League.

Mas, mesmo com toda essa bagagem, o desafio que tem à frente é inédito: vencer uma Copa do Mundo como estrangeiro. Para isso, Ancelotti terá de não apenas implantar sua filosofia e liderar uma renovação no elenco da Seleção, mas também superar um padrão histórico que até hoje ninguém conseguiu quebrar.

O que vem pela frente

A estreia de Ancelotti será em um jogo decisivo pelas Eliminatórias Sul-Americanas, diante do Equador, fora de casa. Cinco dias depois, no dia de seu aniversário, ele comandará a Seleção diante da torcida brasileira.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Ancelotti precisará quebrar tabu para conquistar Copa com Brasil; entenda no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.