Petro propõe ao papa reativar diálogos de paz com ELN no Vaticano

O presidente colombiano, Gustavo Petro, sugeriu ao papa Leão XIV, nesta segunda-feira (19), que o Vaticano sediasse novas negociações de paz com o grupo guerrilheiro ELN, com quem ele suspendeu as negociações em janeiro após um surto de violência no nordeste do país.

O papa recebeu o líder esquerdista na Santa Sé nesta segunda-feira, onde discutiram segurança, migração e mudanças climáticas, disse o Vaticano em um comunicado.

“Há uma segunda chance” com o Exército de Libertação Nacional (ELN), disse Petro em uma declaração em vídeo divulgada pela Presidência colombiana após o encontro com o pontífice. “Falei com o papa sobre esta questão: como o Vaticano poderia ser a sede para novas negociações de paz?”.

A Colômbia enfrenta sua pior onda de violência em uma década, impulsionada por grupos armados ilegais que lucram com o tráfico de drogas.

Em janeiro, Petro suspendeu as negociações de paz com o ELN, um grupo pró-guevarista com cerca de 5.800 combatentes, após um ataque violento dos rebeldes contra um grupo dissidente das extintas Farc em uma região de fronteira com a Venezuela conhecida como Catatumbo, onde estão localizadas as principais concentrações de plantações de drogas na Colômbia.

Uma série de confrontos e assassinatos seletivos na área deixaram 117 mortos e 65.000 deslocados, segundo dados oficiais.

O presidente colombiano compareceu, no domingo, à missa de entronização do pontificado de Leão XVI, o primeiro papa nascido nos Estados Unidos, que também possui cidadania peruana.

O presidente comemorou a eleição de Leão XIV no início de maio e destacou seus profundos laços com a América Latina.

Petro, um ex-guerrilheiro que se desmobilizou em 1990 como parte do acordo de paz assinado pelo M-19, acredita que o espírito revolucionário do ELN desapareceu e foi substituído por uma “ganância” por cocaína.

O primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia apelou, nesta segunda-feira, às origens ideológicas do ELN, fortemente influenciado pela teologia da libertação, para reavivar a reaproximação.

“Acredito que é aqui que podemos relembrar a teoria do amor eficaz, no Vaticano”, disse Petro, referindo-se a um conceito filosófico sobre o compromisso com os pobres desenvolvido por Camilo Torres, um padre católico e guerrilheiro que morreu lutando ao lado do ELN em 1966.

Petro busca apaziguar o conflito armado interno da Colômbia, que já dura meio século, por meio do diálogo com as principais organizações armadas do país. No entanto, as negociações de paz com os principais grupos guerrilheiros e cartéis não progrediram.

A Colômbia tem cerca de 22.000 traficantes de drogas e rebeldes armados. A guerra interna deixa quase 10 milhões de vítimas, a maioria delas deslocadas.

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