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Hoje vamos conhecer a Síndrome da Fadiga Crônica lembrada no dia 12 de maio junto com a Fibromialgia, que já foi tema do VideBula, no episódio 6.
A Síndrome da Fadiga Crônica, também conhecida pelo nome técnico encefalomielite miálgica, é uma condição biológica que compromete significativamente o funcionamento do organismo, afetando especialmente o sistema neurológico e o imunológico. Esta condição ainda é pouco compreendida e muitas vezes confundida com outras doenças.
Vale ressaltar que a Fadiga Crônica é real e impõe severas limitações ao cotidiano dos pacientes. Ela é muitas vezes comparada à fibromialgia por algumas semelhanças, mas possui características distintas.
A principal diferença entre a encefalomielite miálgica e a fibromialgia está nos sintomas predominantes. Enquanto a fibromialgia se manifesta sobretudo por dores musculares generalizadas, a Síndrome da Fadiga Crônica é marcada por fadiga intensa, profunda e incapacitante. Essa fadiga não se compara ao cansaço comum do dia a dia, que costuma ser aliviado com descanso.
A fadiga persistente limita a autonomia da pessoa e muitas vezes leva ao isolamento, agravando ainda mais os aspectos emocionais envolvidos com a condição.
Reconhecer a encefalomielite miálgica como uma doença crônica e incapacitante é essencial para combater o estigma que muitos pacientes enfrentam. O diagnóstico precoce e o acompanhamento médico adequado podem ajudar a amenizar os sintomas e melhorar o bem-estar geral.
O VideBula vai ao ar todas as terças-feiras, no site da Radioagência Nacional e nas principais plataformas de áudio.
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Você pode conferir, no menu abaixo, a transcrição do episódio, a tradução em Libras e ouvir o podcast no Spotify, além de checar toda a equipe que fez esse conteúdo chegar até você.
VideBula – Episódio 7: Não é frescura, é fadiga! síndrome da fadiga
🎵 ABERTURA: Sobe Som 🎵
Raíssa: Olá pessoal! Começa agora mais um VideBula, seu podcast de saúde, bem-estar e acesso a direitos. Eu sou Raíssa Saraiva.
Pati: E eu sou Patrícia Serrão. No último episódio, tiramos várias dúvidas sobre a fibromialgia, uma doença crônica invisível que infelizmente muita gente ainda desconfia que não seja real.
Raíssa: E hoje vamos falar de outra condição também muito desacreditada por aí: a fadiga crônica.
Pati: Quem conversa com a gente novamente é a neurologista Ana Luíza Araújo, do Hospital Israelita Albert Einstein.
🎵 SOM DE TRANSIÇÃO
Raíssa: Um prazer te receber de volta aqui no VideBula, Ana Luíza. Conta pra gente qual é a diferença de um cansaço comum, aquele que todo mundo tem, para a Síndrome da Fadiga Crônica.
Ana Luíza: A síndrome da fadiga crônica ou outro nome mais difícil que também a gente pode usar que é encefalomielite miálgica é uma doença também biológica que afeta muito o sistema, bem parecida em alguns aspectos com a fibromialgia, mas eu vou tentar colocar a diferença para vocês. Porque ela é fundamentalmente caracterizada por fadiga profunda e incapacitante. Então, o sintoma maior da fibromialgia é a dor. Aqui o sintoma maior é a fadiga. E essa fadiga, para a gente entender a diferença de uma fadiga comum, porque eu tô cansada, porque eu trabalhei muito, é uma fadiga que não melhora com repouso. A fadiga normal, a fadiga comum, ela melhora com repouso, a pessoa descansa e se refaz. Essa doença, ela é uma fadiga que incapacita e que não melhora com repouso e vai afetar muito a qualidade de vida do paciente.
Pati: E o que provoca esse cansaço extremo?
Ana Luíza: Então, acontece também a disfunção imunológica no cérebro, uma desregulação também dos níveis de cortisol, tem alterações do sistema autonômico e, em alguns casos, um eventual gatilho de vírus, que acabam levando a essa resposta inflamatória que provoca essa inflamação e causa essa fadiga crônica.
Raíssa: Você falou de vírus que podem provocar a fadiga crônica. O Epstein-Barr é um deles? E mais recentemente a covid longa também pode ser um gatilho?
Ana Luíza: Depois de uma infecção por esses vírus, que pode ser Epstein-Barr, covid, acontece um gatilho imunológico. O meu sistema imunológico produz anticorpos para o vírus, mas acaba atacando as minhas próprias células do sistema nervoso e depois desenvolve essa fadiga crónica. Essa é uma possibilidade. Então, fica ali se é o vírus que causou por um gatilho imunológico a fadiga crônica ou se é um sintoma apenas de uma sequela mesmo de uma covid longa por exemplo. Nós não temos uma comprovação exata por exame, mas tem hipótese que leva muito a gente pensar que exista essa correlação mesmo.
Pati: Quais são os critérios aceitos atualmente para diagnosticar a Síndrome da Fadiga Crônica?
Ana Luíza: Então, os critérios diagnósticos envolvem essa fadiga profunda de início novo e que persiste por pelo menos 6 meses. Então também tem essa característica de ser crônica, persistente, diferente de quando acontece só por algum tempo. Então, entre três a seis meses de persistência dessa fadiga profunda, que não tenha nenhuma outra explicação de outra doença que a gente consiga diagnosticar.
Raíssa: Esse é um ponto que volta e meia a gente debate. A fadiga crônica pode estar associada a outras doenças também, né? A Pati e eu temos doenças raras diferentes e as duas sentem muita fadiga.
Pati: Muita gente não acredita, por exemplo, que a gente precisa descansar depois de tomar banho, que é uma atividade super relaxante na maioria das vezes.
Ana Luíza: Então, geralmente, um banho ou outra coisa como caminhar, manter uma conversa mais estressante, enfim, até coisas mais simples podem causar um mal-estar tão grande, muito desproporcional àquele esforço que você fez. Então, pode vir com fadiga, com dor de cabeça, com dor muscular, com insônia, distúrbios cognitivos, perda de concentração também mental e isso dura cerca de 24 horas ou mais. Então, esse é um outro critério, que é esse mal-estar pós-esforço, que diferencia bastante de outras condições. Os distúrbios de sono, o sono não reparador e pelo menos um comprometimento cognitivo ou uma intolerância a ficar de pé. Então, as pessoas têm uma disautonomia, que a gente chama, que quando levanta rápido, dá uma tontura, a pressão baixa, o coração fica disparado. Então, essa intolerância a ficar de pé, mudança de decúbito que a gente chama, ortostase, ela também está associada a esse critério diagnóstico da fadiga crônica.
Raíssa: Esses sintomas de tontura, queda de pressão quando levanta rápido e tal também são sintomas da chamada Síndrome do Vasovagal ou Síncope Reflexa, aquela que provoca desmaios. Ela e a fadiga crônica têm alguma relação?
Ana Luíza: É, é como se os sintomas fossem parecidos com a Síndrome do Vasovagal, porque é uma disfunção do eixo hipotálamo, hipotálamo-hipofisário, que faz com que se cause essa disautonomia. Assim, o Vasovagal também é um tipo de alteração desse eixo, que é uma disautonomia. Então, são correlacionados. É como se fosse uma Síndrome do Vasovagal dentro da Síndrome da Fadiga Crônica, entendeu? Então eu levanto, fico tonta, mas não chego a desmaiar. Fico suando frio, boca seca, mas não chego a perder a consciência como na Vasovagal, mas o mecanismo ali no cérebro é bem parecido um com o outro.
Pati: Ana Luíza, por favor, dá uma luz pra gente e todos que sofrem com a fadiga crônica. Como tratar esse cansaço extremo? Ainda não temos cura, né?
Ana Luíza: Ainda, eu sempre falo ainda, porque a medicina está sempre evoluindo, graças a Deus. Mas por enquanto a gente não tem como curar. Mas tem sim como melhorar muito, reduzir a gravidade dos sintomas, melhorar a funcionalidade, melhorar a qualidade de vida. E o mais importante, as pessoas podem viver super bem, se tiver um acompanhamento certinho e lembrar que todas essas condições precisam de uma abordagem multidisciplinar; não é só o médico, é nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo. Depois, para a gente evitar essas crises de esforço, de mal estar pós-esforço, a gente vai orientar as pessoas a ajustar atividades ao nível de tolerância, então realmente ter esse acolhimento. Se você cansa muito depois de tomar um banho, você tem que ter esse tempo para descansar, diferente de outras pessoas que não sofrem dessa fadiga. Então, essa gestão do gasto energético é super importante. Fazer a higiene do sono, a terapia cognitivo-comportamental e o uso de remédios. Aí a gente vai lançar mão de analgésicos para dor, hidratação para melhorar essa questão da ortostase, a pessoa levantar e ficar tonta, então a gente melhora a hidratação, melhora a pressão, sintomas de tontura. E os antidepressivos também, como a gente comentou para fibromialgia, eles têm função analgésica e a gente consegue fazer um uso contínuo deles e melhorar as dores desses pacientes que têm também queixa de dor, além de fadiga.
Raíssa: É isso, vamos em busca da qualidade de vida. Muito obrigada por mais uma participação com a gente, Ana Luiza.
🎵 SOM DE TRANSIÇÃO
Pati: E se você que está ouvindo tem dúvidas ou sugestões, manda um e-mail para [email protected]! Adoramos ouvir vocês!
Raíssa: O VideBula é uma produção original da Radioagência Nacional, um serviço público de mídia da EBC, a Empresa Brasil de Comunicação.
Pati: O podcast é idealizado e apresentado por mim, Patrícia Serrão, e por Raíssa Saraiva.
Raíssa: A edição é de Bia Arcoverde. Na operação em Brasília, Rafael Thomaz, e no áudio e sonoplastia no Rio, Toni Godoy.
Pati: Você pode ouvir outros podcasts da Radioagência Nacional no site, nos tocadores de áudio e com interpretação em Libras no Youtube.
Raíssa: Gostou do episódio de hoje? Compartilhe com os amigos, publique nas redes e ajude a espalhar informação.
Pati: Para mais informações, VideBula!
🎵 SOM DE ENCERRAMENTO
Roteiro, entrevistas e apresentação |
Patrícia Serrão e Raissa Saraiva |
Coordenação de processos e supervisão | Beatriz Arcoverde |
Identidade visual e design: |
Caroline Ramos |
Interpretação em Libras: | Equipe EBC |
Implementação na Web: |
Beatriz Arcoverde e Lincoln Araújo |
Operação de Áudio e sonoplastia no RJ | Toni Godoy |
Operação de Áudio em Brasília | Thiago Coelho |

Saúde VideBula fala da condição que afeta sistemas neurológico e imunológico Brasília 20/05/2025 – 07:15 Beatriz Arcoverde – Editora Web Patrícia Serrão e Raissa Saraiva – Radioagência Nacional Síndrome da Fadiga Crônica VideBula Podcasts Radioagência Nacional Especiais terça-feira, 20 Maio, 2025 – 07:15 8:30