
Na última segunda-feira (19), o ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara, prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) e trouxe à tona graves acusações sobre a atuação do órgão durante as eleições de 2022. Em sua declaração, Alcântara revelou que recebeu uma ordem do então diretor de operações da PRF, Djairlon Henrique Moura, para intensificar as abordagens a ônibus e vans, especialmente aqueles que traçavam rotas entre estados como Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com destino ao Nordeste.
A orientação, segundo Alcântara, partiu do diretor-geral, que indicou que a PRF deveria “tomar um lado”. Durante a audiência, presidida pelo ministro Alexandre de Moraes, o ex-coordenador disse que questionou a escolha dos estados foco das abordagens, recebendo como resposta que eram regiões com alta incidência de acidentes em períodos de movimento intenso. No entanto, Alcântara expressou sua incredulidade em relação a essa justificativa, destacando que a ordem parecia claramente direcionada.
“Eu não me convenci e transpareci que achei estranho aquela ordem. E aí ele falou, não sei qual foi o contexto que ele falou, mas ele falou mais ou menos o seguinte: ‘Tem coisas que são e tem coisas que parecem ser. Está na hora da PRF tomar lado. A gente tem que fazer jus das funções de direção e aquilo era uma determinação do diretor-geral’”, relatou.
Em continuidade às revelações, nesta terça-feira (20), a ministra Gleisi Hoffman fez uma contundente declaração, afirmando que o Ministério da Justiça e a PRF foram instrumentalizados para distorcer a vontade popular.

“Depoimentos das testemunhas confirmam que houve direcionamento de bloqueios de ônibus e vans para impedir que eleitores de Lula chegassem aos locais de votação no segundo turno de 2022. O Ministério da Justiça e a Polícia Rodoviária Federal foram usados de forma absurda para corromper e fraudar a vontade do povo. São chocantes as revelações dos interrogatórios no STF. Bolsonaro era mesmo capaz de tudo para não entregar o governo a Lula”, declarou Gleisi.