
Na terça-feira (20), a moeda norte-americana avançou 0,26%, cotada a R$ 5,6692. A bolsa de valores brasileira fechou acima dos 140 mil pontos pela primeira vez na história. Notas de dólar
Gary Cameron/Reuters
O dólar abriu em leve alta nesta quarta-feira (21) em dia de agenda econômica esvaziada, com os investidores ainda avaliando, cautelosos, o cenário fiscal do Brasil e dos Estados Unidos.
▶️ Por aqui, o mercado financeiro está à espera da divulgação, nesta quinta (22), do relatório bimestral de receitas e despesas do governo. Há uma expectativa de que a equipe econômica faça uma contenção significativa de despesas já nesta primeira publicação, a fim de passar a mensagem de que vai adotar as medidas necessárias para cumprir a meta fiscal de 2025.
Na última segunda-feira (19), uma fala do presidente do Banco Central do Brasil (BC), Gabriel Galípolo, animou os investidores. Ele disse que faz sentido manter os juros em patamar alto por mais tempo, reforçando o compromisso do BC de conter a inflação no país.
A instituição tem dito claramente que uma desaceleração da economia brasileira é um “elemento necessário para a convergência da inflação à meta”.
🔎 A lógica é que juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
Assim, se o governo amplia os gastos e anuncia ações para estimular a economia, pode ficar mais difícil conter as pressões inflacionárias, segundo analistas.
▶️ No cenário internacional, os investidores seguem repercutindo o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Moody’s, ocorrido no fim da semana passada, além de pronunciamentos de autoridades sobre a situação.
A nota da maior economia do mundo desceu em um degrau, de “AAA” para “AA1” e teve a perspectiva alterada de “negativa” para “estável”. Segundo a Moody’s, o aumento da dívida dos EUA intensificou as preocupações dos investidores quanto à sustentabilidade das contas públicas do país.
Nesta terça-feira (20), o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, bateu um novo recorde, fechando aos 140 mil pontos pela primeira vez na história.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
Às 9h01, o dólar operava em alta de 0,10%, cotado a R$ 5,6750. Veja mais cotações.
Na véspera, a moeda americana fechou em alta de 0,26%, cotada a R$ 5,6692.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,01% na semana;
queda de 0,14% no mês; e
perda de 8,26% no ano.
a
📈Ibovespa
O Ibovespa só começa a operar após as 10h.
Na véspera, o índice fechou em alta de 0,34%, aos 140.110 pontos, um novo recorde.
Com o resultado, o índice acumulou:
alta de 0,32% na semana;
avanço de 3,38% no mês; e
ganho de 16,09% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A agência Moody’s citou o aumento da dívida do país e os juros a níveis “significativamente mais altos do que os de [países] soberanos com classificação semelhante”.
“As sucessivas administrações e o Congresso dos EUA falharam em chegar a um acordo sobre medidas para reverter a tendência de grandes déficits fiscais anuais e custos crescentes de juros”, disse a Moody’s em um comunicado.
O receio com a dívida de US$ 36 trilhões dos EUA também aumentou à medida que os republicanos buscam aprovar um pacote de cortes de impostos do presidente Donald Trump, que poderia adicionar de US$ 3 trilhões a US$ 5 trilhões em novas dívidas na próxima década.
A priori, o rebaixamento derrubou as ações dos EUA e elevou os rendimentos dos títulos do Tesouro americano nesta segunda, mas o S&P 500 conseguiu se recuperar ao longo do dia e registrar seu sexto dia de altas consecutivas.
China corta taxas de juros
A China reduziu as taxas de juros de referência para empréstimos pela primeira vez desde outubro, e os principais bancos estatais também diminuíram suas taxas de depósito para incentivar e proteger a economia dos efeitos da guerra comercial com os EUA.
A magnitude dos cortes foi modesta, mostrando acautela por parte das autoridades. O Banco do Povo da China anunciou que a taxa primária de empréstimos (LPR) de um ano foi reduzida para 3%. A LPR de cinco anos chegou a 3,5%.
A maior parte dos empréstimos novos e em aberto na China está atrelada à LPR de um ano, enquanto a taxa de cinco anos influencia os custos das hipotecas. Ambas se encontram agora no menor patamar desde a reformulação do mecanismo de LPR, em 2019.
As reduções nas taxas integram um conjunto de medidas anunciadas pelo presidente do banco central, Pan Gongsheng, e por outros reguladores financeiros, que resultaram em um arrefecimento da guerra comercial.
Como resultado, as ações da China e de Hong Kong subiram. O índice de Xangai teve alta de 0,38%, enquanto o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,54%.
Acordos sobre tarifas
Os investidores também continuaram à espera de possíveis novos acordos dos EUA com seus parceiros comerciais, para diminuir os impactos do tarifaço de Trump.
🔎 A lógica do mercado é que o aumento das tarifas sobre produtos importados pelos EUA pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global.
Na segunda-feira, a China pediu aos EUA que tomem medidas políticas responsáveis para manter a estabilidade do sistema financeiro e econômico internacional e proteger os interesses dos investidores.
Isso ocorre depois que o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse em entrevistas no domingo que Trump imporá tarifas na mesma taxa que ameaçou no mês passado aos parceiros comerciais que não negociarem de “boa fé”.
No entanto, uma reportagem do “Financial Times” de que o país iniciou negociações comerciais sérias com a União Europeia, quebrando um longo impasse, ofereceu alguma esperança de novos acordos sobre as tarifas.
No início deste mês, Washington assinou um acordo com o Reino Unido. Trump também já disse anteriormente que tem possíveis acordos com a Índia, com o Japão e com a Coreia do Sul no radar.
Nesta terça-feira (20), o presidente da distrital do Fed em St. Louis, Alberto Musalem, afirmou que mesmo após a trégua entre EUA e China, o mercado de trabalho parece estar enfraquecendo e os preços devem subir.
Ele destacou, ainda, que uma resposta equilibrada da política monetária permanece “viável”, caso a população continue esperando que a inflação caia para a meta de 2%. Segundo Musalem, no entanto, sem expectativas de inflação bem ancoradas, o Fed deve “priorizar a estabilidade de preços diante de pressões inflacionárias persistentes”.
O banqueiro central ainda indicou que a alta incerteza em relação às políticas de Trump pode desacelerar significativamente a economia, à medida que famílias e empresas suspendem gastos e investimentos enquanto aguardam por mais clareza.
“Na medida em que a economia exige que os gastos de capital continuem ocorrendo, que exige que as contratações continuem ocorrendo, e se todas essas decisões foram de alguma forma suspensas devido à incerteza, isso afetaria a perspectiva econômica”, afirmou Musalem.
*Com informações da agência de notícias Reuters.