A Guarda Costeira de Taiwan alertou na segunda-feira (19) para a “necessidade urgente” de reforçar suas capacidades de vigilância com tecnologias como câmeras térmicas, drones e inteligência artificial. O pedido ocorre após a interceptação de dois cidadãos chineses que cruzaram o estreito em um bote inflável e desembarcaram clandestinamente perto de Taipé sem serem notados. As informações são do site The Defense Post.
De acordo com autoridades taiwanesas, o bote motorizado partiu da província chinesa de Fujian e chegou à ilha sem ser detectado pelos radares.
“Essas embarcações não são facilmente identificáveis por radar e, no momento da chegada, a patrulha costeira estava monitorando outras áreas”, explicou o porta-voz Hsieh Ching-chin. “Há uma necessidade urgente de aprimorar as capacidades de patrulha com suporte tecnológico para impedir novas entradas ilegais despercebidas.”

Desde janeiro, Taiwan registrou cinco casos semelhantes, envolvendo 38 pessoas provenientes da China e do Vietnã. O caso mais recente aconteceu às vésperas do primeiro aniversário do presidente Lai Ching-te no cargo, comemorado nesta terça-feira (20). As autoridades locais temem que as travessias clandestinas estejam conectadas a ações planejadas por Pequim para enfraquecer a segurança e desestabilizar o governo da ilha.
“Esperamos obter financiamento especial para equipamentos de imagem térmica por infravermelho, bem como drones e sistemas de alerta com inteligência artificial, a fim de responder efetivamente ao crescente assédio em zona cinzenta praticado pela China”, disse Hsieh. O termo “zona cinzenta” é usado por Taipé para se referir a táticas que não configuram atos de guerra declarada, mas visam enfraquecer a defesa nacional por meios não convencionais.
Segundo Hsieh, os equipamentos de visão térmica já estão em uso em áreas sensíveis como o arquipélago de Kinmen, próximo à costa continental chinesa. No entanto, uma rede de vigilância ininterrupta e sem pontos cegos exigiria um investimento “substancial”, alertou.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.
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