Quando a floresta queima, não é só fogo — é um alerta ecológico

Os incêndios florestais que marcaram 2024 não são apenas consequência do acaso ou de fenômenos isolados. São um sinal claro de colapso ambiental. Pela primeira vez, o fogo ultrapassou a agropecuária como a principal causa da perda de florestas tropicais no mundo. Mas o fogo, em si, é só o sintoma. O problema está no solo seco, na umidade ausente, no ar carregado de calor. Condições agravadas por secas intensas e prolongadas, cada vez mais frequentes em razão do aquecimento global. Florestas antes úmidas viraram material combustível. É o chamado “efeito dominó climático”: o desmatamento reduz a umidade do ar, diminui a formação de chuvas e torna a vegetação mais vulnerável ao fogo. Quando a floresta perde sua capacidade de se proteger, qualquer faísca vira tragédia. E mais: práticas como queima ilegal para abertura de pasto e avanço da fronteira agrícola sem planejamento agravam o ciclo. A floresta vira linha de frente de uma disputa por terra, muitas vezes sem controle ou fiscalização adequada.

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O impacto não é local. Afeta o clima, o regime de chuvas, a segurança hídrica e até a produção de alimentos. Queimar floresta é queimar equilíbrio. É acelerar as mudanças climáticas. É hora de parar de enxergar o fogo só como um desastre pontual. Incêndios florestais em escala recorde são um grito da natureza. Enquanto governos postergam decisões e mercados fecham os olhos para cadeias sujas, a floresta continua tombando. Mas a conta chega — e ela vem em forma de eventos extremos, escassez hídrica, colapso da biodiversidade e perda de credibilidade internacional. É preciso parar de tratar a floresta como um obstáculo ao desenvolvimento. Ela é, cada vez mais, o próprio passaporte para o futuro. Não temos tempo. Temos escolhas. Que elas não venham tarde demais.

 

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