O crescimento assustador do antissemitismo

As origens do antissemitismo são traçadas até a própria origem do judaísmo. A perseguição, a escravização, o exílio, o genocídio, escreveram os milhares de anos desta etnia e religião. A epítome da tragédia aos judeus se deu na década de 1940, quando mais de 6 milhões foram mortos em toda a Europa no Holocausto. Em 1939 havia aproximadamente 16,6 milhões de judeus no mundo, 60% deles na Europa e o restante espalhado em pequenas comunidades pelos demais continentes. Ainda hoje, 80 anos depois da derrota do nazifascismo, a população judaica não recuperou toda sua população, já que as estimativas mais otimistas, colocam o número total de judeus no mundo na faixa dos 16 milhões de pessoas.

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Os traumas incuráveis do Holocausto, moldaram toda a geopolítica mundial a partir de 1945, estabelecendo o Estado de Israel, o dia da memória ao Holocausto e leis rígidas nas maiores democracias para coibir qualquer ato discriminatório de caráter antissemita. Infelizmente, o antissemitismo, assim como outros ódios de natureza étnica e religiosa não desaparecem apenas com legislação e tratados, necessitam de uma forte mudança de mentalidade alcançada sobretudo com fortes investimentos educacionais no estudo de história e sociologia. Após o violento atentado perpetrado pelo grupo terrorista Hamas, matando em um dia mais de 1100 judeus, o dia mais letal para a comunidade judaica desde 1945, novos atos antissemitas começaram a ressurgir em todo o mundo. Desde a proibição de alunos judeus a frequentarem salas de aula em universidades nos Estados Unidos, até pichações de estrelas de David nas portas de judeus na Alemanha, o sentimento de insegurança foi generalizado entre a comunidade no mundo todo. Hoje, mais um ato hediondo de raiz antissemita se concretizou e ceifou duas vidas.

Yaron Lischinsky tinha apenas 30 anos, sua namorada, Sarah Milgrim, apenas 26. Ambos trabalhavam na Embaixada israelense em Washington DC e foram covardemente mortos ao deixarem o museu judaico da cidade. Os tiros disparados após um grito de “Palestina Livre” pelo assassino, revelam o cunho político e ideológico do crime perpetrado por Elias Rodriguez. Yaron era pesquisador no setor político da embaixada, enquanto Sarah organizava viagens culturais para Israel, ambos se casariam em breve, e agora nada disso mais acontecerá. O radicalismo ideológico que permeou os campi universitários mundo afora, fez com que a legítima indignação à estratégia política de Netanyahu e os massacres em Gaza, se transformasse em um ódio generalizado por qualquer um que fosse israelense e até mesmo judeu.

A resposta de Telavive ao atentado terrorista do Hamas, por mais que fosse esperada e legal dentro do direito internacional, alcançou também patamares de desumanidade. Os bombardeios violentos, o cerco de mais de dois meses à Faixa de Gaza e a realização de uma fome fabricada de maneira proposital, mostram claramente que Netanyahu se perdeu em sua própria cegueira. A inquietude das lideranças mundiais e da população civil perante o que é relatado diariamente por jornalistas em loco, é uma resposta necessária e fundamental para lutarmos para um mundo mais justo e defender a dignidade humana dos esquecidos. Todavia, usar a tragédia em Gaza para justificar a perseguição e morte de inocentes é também arrancar a humanidade de pessoas que não pertencem a esse conflito.

O ato atroz cometido em Washington DC, não alimentou nenhum bebê em Gaza, não reconstruiu nenhum complexo residencial destruído e não recuperou nenhuma das vidas perdidas pela guerra. Os assassinatos de Yaron e Sarah são hoje um símbolo do mesmo radicalismo político e religioso que escravizou os judeus na Babilônia, deu uma escala industrial às suas mortes em Auschwitz e sequestrou centenas no sul de Israel. A intolerância e do discurso odioso propagado com fins meramente políticos, continuará prolongando essa guerra de séculos, por mais tantos outros. Enquanto a única forma de se supostamente fazer justiça for através do sangue dos inocentes, continuaremos caminhando nessa espiral de desumanidade.

 

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