Erdogan se torna peça-chave nos planos de Trump e amplia influência global da Turquia

Recep Tayyip Erdogan emergiu como peça-chave na política externa do presidente dos EUA, Donald Trump. Ao assumir papéis de mediação em conflitos estratégicos e destravar negociações emperradas, o líder turco ampliou sua influência sobre temas decisivos para Washington, desde a guerra na Ucrânia ao impasse nuclear com o Irã. As informações são da revista Newsweek.

Nos últimos dias, Erdogan foi apontado por Trump como responsável por convencê-lo a suspender sanções contra a Síria e até aceitar um encontro com Ahmad al-Sharaa, ex-líder rebelde que agora encabeça o governo interino sírio. A reunião ocorreu durante visita de Trump à Arábia Saudita, primeira viagem oficial de seu segundo mandato.

“Trump o chama de amigo”, disse Cagri Erhan, conselheiro de segurança da presidência turca. “E ele quer que seja um ator-chave, tanto no nível regional quanto global, para cooperar com os Estados Unidos sob a administração Trump.” Segundo ele, “ambos os países podem se beneficiar mutuamente nesta nova era”.

O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, em imagem de 2020 (Foto: Mikhail Klimentyev/WikiCommons)

Além da reaproximação com a Síria, Erdogan retomou sua função de mediador em outros conflitos. Istambul sediou uma nova rodada de conversas entre representantes da Rússia e da Ucrânia, além de abrigar diálogos entre europeus e iranianos sobre o acordo nuclear. “Quando se trata da crise Rússia-Ucrânia, ele não quer que dois vizinhos da Turquia lutem entre si e [quer que eles] cheguem a uma mesa de paz”, afirmou Erhan.

Trump tem reiterado publicamente sua admiração por Erdogan. “Acho que a Turquia vai deter a chave da Síria, na verdade. Não acho que você tenha ouvido isso de mais ninguém, mas tenho sido bom em prever”, disse o presidente dos EUA em coletiva após a queda do regime sírio

Em outro momento, ao lado de Benjamin Netanyahu, Trump declarou: “Tenho um ótimo relacionamento com um homem chamado Erdogan. Já ouviu falar dele? E eu gosto dele, e ele gosta de mim.”

Apesar de confrontos no passado, como a prisão do pastor Andrew Brunson e as sanções ligadas à compra dos mísseis russos S-400, Erdogan declarou no sábado (17) que houve “suavização” nas punições sob a atual administração. “Com meu amigo Trump no cargo, alcançamos uma comunicação mais aberta, mais construtiva e mais sincera sobre essas questões”, afirmou.

Para analistas, o retorno de Trump à Casa Branca permitiu uma reaproximação estratégica. James Jeffrey, ex-embaixador dos EUA na Turquia, disse que o país “dramaticamente aumentou sua influência geoestratégica” e tornou-se um parceiro natural diante do enfraquecimento do eixo EUA-Europa. “Isso tudo criou espaço para um Estado de porte médio, geograficamente crítico, como a Turquia”, afirmou.

O ex-conselheiro do Departamento de Estado Richard Outzen avalia que “a continuidade proporcionada pelo governo ininterrupto do partido de Erdogan, independentemente de suas implicações domésticas, certamente confere vantagens na política de poder e nos assuntos internacionais”. Para ele, Erdogan e Trump compartilham um mesmo estilo. “Ambos respeitam a força, valorizam o comércio e confiam em abordagens personalizadas mais do que institucionais”, analisou.

O post Erdogan se torna peça-chave nos planos de Trump e amplia influência global da Turquia apareceu primeiro em A Referência.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.