
No Supremo Tribunal Federal, em Brasília, o processo que investiga supostas irregularidades durante as eleições presidenciais continua a se desenrolar. Testemunhas de defesa de Anderson Torres foram ouvidas perto das oitivas, que estão programadas para se estender até 2 de junho. O foco das investigações é a alegação de que houve uma tentativa de concentrar agentes da Polícia Rodoviária Federal em um único estado, com o objetivo de dificultar o acesso de eleitores ao Nordeste, uma região que tradicionalmente apoia o então candidato e atual presidente, Luís Inácio Lula da Silva.
Durante os depoimentos nesta terça-feira (27), as testemunhas, que participaram de reuniões com Anderson Torres, negaram qualquer orientação nesse sentido. Elas mencionaram que havia uma movimentação significativa de ônibus partindo de São Paulo e do Centro-Oeste em direção ao Nordeste, o que, segundo elas, justificaria o aumento da fiscalização. O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, declarou que, ao final do dia 7 de janeiro de 2023, já havia informações indicando que a manifestação programada para o dia seguinte, em Brasília, seria de proporções significativas.
No entanto, essa operação foi alvo de uma ordem do ministro Alexandre de Moraes para que não fosse realizada. Foi revelado que, desde 26 de outubro, já existia uma ordem interna para manter a operação, apesar da determinação contrária do ministro. “Até a manhã do dia 8 ainda havia dúvida entre os analistas se a manifestação resultaria em deslocamento até a Esplanada ou se se tratava apenas de reforço aos acampamentos junto ao comando do Exército. Mas no final do dia 7 já sabíamos que a manifestação seria de médio a grande porte”, afirmou o ex-diretor.

Além disso, um adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) trouxe à tona que alertas foram enviados ao governo e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entre 2 e 8 de outubro. Esses alertas incluíam informações sobre o número de ônibus chegando à capital federal, mas não foram devidamente atendidos. No dia 8, mais de 100 ônibus já haviam chegado a Brasília, segundo os dados compartilhados, levantando questões sobre a resposta das autoridades a essas informações.
*Com informações de Bruno Pinheiro
*Reportagem produzida com auxílio de IA