Na hora de escolher um carro, um dos fatores que deve ser considerado é o tipo de tração. Mas afinal, o que é isso e o que influencia para o motorista? De acordo com o objetivo de uso do carro, faz toda a diferença.
Tração é o sistema responsável por transmitir a força do motor para as rodas, fazendo o carro se movimentar. Essa distribuição de potência pode ocorrer de diferentes maneiras, definindo o tipo de tração: dianteira, traseira ou nas quatro rodas (4×4 ou integral/AWD).
Desde o começo do desenvolvimento do automóvel essa distribuição é feita, no caso da tração traseira, é feita por um eixo, chamado cardã. Atualmente, com o desenvolvimento dos carros elétricos, há opção de motores instalados no eixo ou em cada roda.
Cada uma dessas configurações apresenta vantagens e desvantagens, que variam de acordo com o uso e as condições da estrada.
Tração dianteira
A tração dianteira é a mais comum em veículos de passeio: a grande maioria dos motoristas passa a vida dirigindo apenas esse tipo de opção. Nesse caso, motor e transmissão estão posicionados na frente do carro, enviando a força diretamente para as rodas dianteiras. O primeiro carro lançado com essa tecnologia foi o Citroën Traction Avant 1939.
A principal vantagem é o custo mais baixo de produção, além de proporcionar um melhor aproveitamento do espaço interno, já que não há necessidade de componentes como o eixo-cardã, presente nos carros de tração traseira. Foi também um dos fatores que ajudaram a baratear e popularizar os carros.

Carros com tração dianteira costumam ser mais leves e econômicos. Por outro lado, há desgaste maior dos pneus dianteiros. E há uma característica de direção importante: há tendência ao “subesterço“, ou seja, quando o carro tende a sair de frente em curvas feitas em alta velocidade. Esse comportamento pode ser controlado com a desaceleração e correção da direção, algo relativamente intuitivo para a maioria dos motoristas.
Tração traseira
A tração traseira foi a primeira desenvolvida nos veículos, desde leves a pesados. Hoje em dia, ela é mais comum em carros de alto desempenho, modelos esportivos e veículos maiores, como picapes e utilitários. Nesse sistema, a potência do motor é enviada para as rodas traseiras através do eixo-cardã.
Já as rodas dianteiras ficam responsáveis apenas pela direção. A tração traseira proporciona uma distribuição de peso mais equilibrada, o que pode melhorar a estabilidade do carro. Esse sistema costuma também ser chamado de 4×2.
Mas há um detalhe importante na hora de dirigir um carro com tração traseira: no caso de curvas acentuadas ou piso de baixa aderência, o carro tem tendência de sobresterço, ou seja, pode sair de traseira. Nesse caso, o motorista precisa ter experiência, geralmente girando o volante na direção oposta à curva. Esse comportamento torna os carros de tração traseira mais desafiadores para motoristas com menos perícia.

Na parte estrutural, como há presença do eixo-cardã e do diferencial traseiro o projeto pode acabar reduzindo espaço no interior do carro. Além disso, esses componentes aumentam o peso e o custo de produção do carro, o que pode refletir em um preço final mais elevado.
Mas nos carros elétricos, isso não é problema. Como o motor é menor e montado direto no eixo ou roda, a questão do espaço é contornada. É o caso de modelos como o Volvo EX30, que possui tração traseira.
Tração nas quatro rodas (4×4)
A tração 4×4 tem a ver com veículos off-road, como jipes e picapes, devido à sua capacidade de enfrentar terrenos difíceis, como lama, neve e estradas de terra. Nessa configuração, a força do motor é distribuída para todas as rodas, o que aumenta a aderência e a capacidade de tração em situações desafiadoras.
Nos veículos 4×4 tradicionais, o motorista pode alternar entre a tração traseira (4×2) e a tração nas quatro rodas, conforme necessário. Essa flexibilidade permite otimizar o consumo de combustível em condições normais de estrada e, ao mesmo tempo, garantir maior capacidade de tração quando necessário.

Apesar das vantagens em terrenos difíceis, a tração 4×4 tende a aumentar o peso do veículo e o consumo de combustível, além de encarecer o custo de manutenção, já que o sistema é mais complexo e exige cuidados especiais.
Tração integral (AWD)
A tração integral, ou AWD (All Wheel Drive), é uma variação do sistema 4×4, mais comum em SUVs ou veículos com maior performance na pista, como sedãs ou coupés. Ao contrário do 4×4 convencional, a tração AWD é permanente, mas a distribuição de força entre os eixos é controlada automaticamente, dependendo das condições da estrada.
Isso significa que, em situações normais, o carro pode operar com tração apenas em duas rodas, mas quando o sistema detecta perda de aderência, ele aciona a tração nas quatro rodas.

Essa configuração oferece maior segurança em estradas molhadas ou escorregadias, além de melhorar a estabilidade em curvas. No entanto, assim como o 4×4, o AWD aumenta o peso do veículo e, consequentemente, o consumo de combustível.
Esse tipo de tração é encontrada desde picapes, como a Volkswagen Amarok até mesmo carros esportivos como o Audi RS6 Avant, uma perua com motor V8. Modelos híbridos como o GWM Haval H6 ou o Jeep Compass 4xe também tem conjunto integral, com o eixo traseiro sendo movimentado por um bloco elétrico.
Por fim, carros 100% elétricos como o novo Volvo EX90 posuem tração integral, com um motor elétrico no eixo dianteiro e outro no traseiro.

Qual a melhor tração veicular?
Não há resposta correta para essa pergunta. Cada tipo de tração é adequada para um uso ou perfil de motorista. Quem dirige em áreas urbanas e busca economia terá na tração dianteira a melhor opção. Já para aqueles que enfrentam terrenos acidentados ou condições climáticas adversas, a tração 4×4 ou AWD oferece mais segurança e versatilidade. A tração traseira, por sua vez, é indicada para quem valoriza a performance e o prazer de dirigir, mas exige mais habilidade do motorista.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Entenda é que é tração 4×4, traseira e dianteira e como cada uma funciona no site CNN Brasil.