CIDADE DO VATICANO, 24 ABR (ANSA) – O papa Francisco fez uma doação de 200 mil euros para ajudar presos na Itália, antes de falecer no último dia 21 de abril, vítima de um AVC seguido de uma parada cardiocirculatória.
A informação foi confirmada à ANSA nesta quarta-feira (23) pelo bispo Benoni Ambarus, diretor do escritório para pastoral carcerária e encarregado de assuntos de caridade em Roma.
“Ele doou 200 mil euros de sua conta pessoal”, revelou “Don Ben”, como Francisco chamava o religioso, enfatizando que a quantia fazia parte de seus “últimos bens”.
Segundo Ambarus, a doação foi destinada a uma fábrica de massas no centro de detenção juvenil Casal del Marmo, em Roma.
“Eu disse a ele que tínhamos uma hipoteca alta para esta fábrica de massas e, se pudéssemos quitá-la, reduziríamos o preço do macarrão, venderíamos mais e contrataríamos mais funcionários.
Ele então respondeu: ‘Estou quase sem dinheiro, mas ainda tenho algo na minha conta’”, contou o monsenhor.
Na sequência, o líder da Igreja Católica “me deu 200 mil euros”, acrescentou ele, destacando a defesa dos prisioneiros feita pelo argentino durante seus 12 anos de pontificado. Na entrevista, o bispo recordou da abertura da Porta Santa do Jubileu 2025 na Penitenciária de Rebibbia, em Roma, em dezembro de 2024: “Quando o Papa disse: ‘Don Ben, venha comigo’ e juntos começamos o Jubileu. Para ele, eu era apenas ‘Don Ben’. Acho que ele nem sabia meu nome e sobrenome. Foi emocionante, mas principalmente para aquelas pessoas. Elas se sentiram ‘vistas’”, lembrou.
Na ocasião, Francisco incentivou os presos a não perderem a esperança e a manterem as portas e os corações abertos.
Ambarus também mencionou a recente visita de Bergoglio à prisão romana de Regina Coeli, por ocasião da Quinta-feira Santa, que aconteceu apenas quatro dias antes de sua morte, onde ele “gritou ao mundo, com todas as suas forças, a necessidade de prestar atenção aos prisioneiros”.
Por fim, o religioso relatou que, desde a última segunda-feira, tem recebido mensagens constantes de pessoas que dizem se sentir órfãs com a morte do Papa. Na terça (22), inclusive, alguns prisioneiros pediram para ele “colocar uma flor no túmulo de Francisco em nome deles”.
No entanto, o bispo auxiliar de Roma garantiu que, “em vez disso”, está “trabalhando para que seus filhos prediletos possam estar presentes no funeral”. “Veremos o que podemos fazer”, concluiu ele, sem entrar em detalhes de como isso poderia acontecer. (ANSA).