Minas e São Paulo concentram a maioria dos casos de trabalho escravo no campo

Minas Gerais, com 479 pessoas, e São Paulo, com 357, concentram a maioria dos casos de trabalho escravo do país. De acordo com relatório divulgado pela Comissão Pastoral da Terra na quarta-feira, 23, o país registrou a libertação de 1.622 trabalhadores em situação análoga à escravidão em 2024. Apesar do número alarmante, o ano teve uma queda de 40% em relação a 2023, quando houve 2.663 resgates desse tipo.

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Apenas dois estados brasileiros passaram 2024 sem casos de trabalho escravo: Sergipe e Amapá. Por região, as áreas de produção que tiveram denúncias desse tipo de exploração foram: produção de etanol e mineração, no Nordeste, pecuária e cana-de-açúcar, no Centro-Oeste, desmatamento ilegal e garimpo, no Norte, e cultivo de maçãs e uvas no Sul. Já no Sudeste, onde está a maioria das denúncias, as atividades envolvidas são de cultivo de café e cebola.

“Por trás de um pujante agronegócio monocultor tido como moderno, revelam-se processos de exploração que têm marcado historicamente o campo brasileiro”, afirma o relatório “Conflitos no Campo – 2024”, da comissão.

A Pastoral da Terra é responsável por apresentar as denúncias ao Ministério Público do Trabalho. No ano passado, foram 151 casos, que resultaram nas 1.622 libertações. Desses trabalhadores, 38 são crianças e adolescentes. Na região Sudeste, foram 59 casos no total, com 37 casos e 479 pessoas resgatadas em Minas Gerais, entre elas 8 menores de idade. São Paulo teve 11 casos e 357 pessoas resgatadas, sendo 13 crianças ou adolescentes.

A CPT faz um alerta sobre as produções de café e milho. De 2015 até o ano passados, foram foram 134 casos registrados no cultivo de café, com o resgate de 1.659 trabalhadoras e trabalhadores. Nas lavouras de milho, foram 22 casos e 474 pessoas resgatadas neste período, entre elas 14 crianças.

Para a CPT, ao analisar a queda de 40% nos resgates de 2024 é importante destacar que houve uma greve dos agentes fiscalizadores no período.

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