Ministro alemão questiona solução militar para conflito em Gaza

Em visita a Israel, o novo chefe das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, defendeu solução política para o conflito e rechaçou expulsão de palestinos ou ocupação permanente do território.O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, afirmou neste domingo (11/05) que o conflito em Gaza não pode ser resolvido por meios militares. Durante uma visita a Jerusalém, ele defendeu que uma solução política deve ser encontrada para acabar com a guerra permanentemente e apelou para as partes aceitarem um acordo de cessar-fogo.

“Não acredito que esse conflito possa ser resolvido de forma permanente por meios militares”, disse Wadephul. “No entanto, é urgentemente necessário que o Hamas seja desarmado e que não possa mais ter controle militar sobre Gaza.”

Para ele, a campanha militar não garante a segurança de Israel. “É por isso que estamos apelando para um retorno às negociações sérias sobre um cessar-fogo.”

Deslocamento de palestinos

Wadephul também rechaçou a proposta de deslocar dois milhões de palestinos ou a possibilidade de Gaza ser ocupada permanentemente.

No início desta semana, o gabinete de segurança de Israel aprovou um plano que previa a “conquista” de Gaza, e o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse que esperava que a população palestina ficasse confinada a apenas uma pequena faixa de terra nos próximos seis meses.

Segundo o ministro recém-empossado no cargo, a Alemanha fará o que for preciso para garantir a segurança de Israel. Contudo, argumentou que isso não significa isentar o governo israelense de críticas. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse que somente o Hamas é responsável pela guerra.

Os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 mataram 1.200 pessoas e 251 foram levadas como reféns. A campanha de Israel em Gaza matou mais de 52 mil palestinos, a maioria civis, de acordo com as autoridades de saúde administradas pelo Hamas.

Distribuição de ajuda humanitária

Saar e Wadephul também saudaram uma nova proposta dos EUA para a distribuição de ajuda na faixa de Gaza, suspensa por Israel desde março deste ano.

Segundo um enviado de Washington a Israel, a Casa Branca mantém conversas com o grupo palestino Hamas e deve destravar uma proposta para retomada da entrada de ajuda humanitária em Gaza.

Segundo a ONU, o bloqueio da distribuição de ajuda levou a um caos humanitário no território palestino, que enfrenta falta de alimentos e materiais médicos.

Já o Fórum Tikva, um grupo israelense que representa alguns parentes de reféns, criticou o plano americano, dizendo que a retomada da distribuição de ajuda humanitária deveria ser condicionada à libertação dos 59 prisioneiros do Hamas em Gaza.

Netanyahu ressalta cooperação com Alemanha

Ao se reunir com Wadephul, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel e a Alemanha têm “relações excelentes”. “Temos muitos interesses comuns, muitos valores comuns e muitos desafios comuns”, disse Netanyahu.

Espera-se que o relacionamento de Wadephul, membro do partido conservador União Democrata Cristã (CDU), com Netanyahu seja menos tenso do que o de sua antecessora, Annalena Baerbock, que entrou em maior embate com o governo israelense por causa do bloqueio de ajuda a Gaza.

Wadephul também vai se encontrar com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Mustafa, em Ramallah, na Cisjordânia.

gq (reuters, dpa, dw)

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