Como criminoso de guerra nazista ajudou a criar cartel de drogas na Bolívia

"KlausKlaus Barbie, o “açougueiro de Lyon”, contribuiu para golpe de Estado na Bolívia em 1980 e atuou como “consultor” de líder do tráfico, afirma filho de traficante em entrevista à revista alemã “Der Spiegel”.O criminoso de guerra nazista Klaus Barbie esteve profundamente envolvido na criação de um dos cartéis de drogas mais importantes da América do Sul, segundo uma reportagem publicada na última sexta-feira (09/05) pela revista alemã Der Spiegel.

Conhecido como o “açougueiro de Lyon” pela prática de tortura aos prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial, o ex-chefe da Gestapo nazista na cidade francesa ocupada fugiu para a América do Sul após o fim do conflito.

Barbie foi extraditado da Bolívia para a França em 1983 e condenado à prisão perpétua em 1987 sob a acusação de crimes contra a humanidade. Ele morreu na prisão em 1991.

Segundo a reportagem da Der Spiegel, Barbie – que vivia sob o pseudônimo de Klaus Altmann – se tornou conselheiro de segurança do chefe do tráfico Roberto Suarez depois que ambos se conheceram na década de 70.

O filho de Suarez, Gary, disse à revista que Barbie era “uma pessoa importante para meu pai”. “Ele entendia de segurança, estratégia militar e trabalho com o serviço secreto”, contou.

Consultor dos serviços de segurança

Barbie também atuou ativamente como consultor dos serviços de segurança bolivianos, ajudando a montar um esquadrão da morte para o ditador Luis García Meza.

Gary Suarez disse que “Barbie esteve profundamente envolvido nos regimes militares durante décadas” e teria ajudado a “organizar as milícias que derrubariam o governo” durante as preparações para o violento golpe de Estado de 1980 que levou García Meza ao poder.

Entre os milicianos estava um grupo de mercenários neonazistas chamado “Noivos da morte”, que ostentava uma suástica em sua sede, chamada Clube Baviera, na cidade de Santa Cruz.

Após o golpe, o grupo foi mobilizado para ajudar a esmagar a oposição política e os rivais de Suarez na produção de cocaína.

Papel como agente da CIA

Um documento da CIA de maio de 1974 visto pela Spiegel revela que os agentes americanos já suspeitavam do envolvimento de Barbie no tráfico de drogas.

O genro de Roberto Suárez, Gerardo Caballero, disse à revista que “Barbie nos ajudou muito, inclusive trabalhando em conjunto com Pablo Escobar”, o célebre líder do tráfico colombiano.

Barbie foi recrutado como agente anticomunista pelos serviços secretos americanos após a guerra. Os Estados Unidos, posteriormente, pediram desculpas à França por ajudar Barbie a escapar da Justiça.

A Spiegel já havia relatado que Barbie também atuava como agente secreto da inteligência da Alemanha Ocidental na Bolívia. Segundo a revista, ele foi recrutado no final de 1965 na capital boliviana, La Paz, e recebeu o codinome Adler (“Águia”).

(AFP)

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