RJ soma 430 ônibus incendiados desde 2014: 1 a cada 9 dias


Levantamento feito pela Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro contabilizou os veículos incendiados de forma criminosa entre 2014 e 2024. Ao todo, 25 cidades já registraram casos em todo o Estado. Ônibus são incendiados após morte de miliciano no Rio de Janeiro.
GloboNews/Reprodução
O Estado do Rio de Janeiro registrou 430 ônibus incendiados de forma criminosa nos últimos 11 anos. Esse total representa uma média de um veículo de transporte público atacado a cada nove dias.
O levantamento feito pela Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro (Semove) contabilizou os veículos atacados e destruídos entre 2014 e 2024. Ao todo, 25 cidades já registraram casos de ônibus incendiados em todo o Estado. (Veja na reportagem o ranking por cidade e o ano com mais ataques).
De acordo com a Semove, cada veículo fora de circulação deixa de transportar até 70 mil passageiros em seis meses. Esse é o tempo necessário para a reposição do coletivo em condições técnicas e financeiras ideais.
Ônibus são incendiados após sobrinho de Zinho ser morto em troca de tiros com a polícia
Entre 2014 e 2024, mais de 30 milhões de lugares não foram oferecidos no sistema de transporte por ônibus em linhas municipais e intermunicipais do Rio de Janeiro.
Como um ônibus novo custa, em média, R$ 850 mil, a perda nos últimos 11 anos chega a R$ 365 milhões, segundo a Semove, que representa 174 empresas em todo o Estado.
“São recursos que poderiam estar sendo investidos na melhoria da mobilidade urbana, em busca da qualidade. (…) Cada ônibus incendiado é menos um ônibus nas ruas no dia seguinte e menos um ônibus que está em circulação que deixa de ser renovado”, comentou Richele Cabral, diretora de Mobilidade da Semove.
239 ataques na capital
A capital do estado foi a cidade que registrou o maior número de ônibus incendiados de forma criminosa nos últimos 11 anos. Ao todo, foram 239 veículos atacados desde 2014.
Ônibus incendiado no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro
Getty Images
O município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense ficou em segundo lugar no ranking dos ônibus incendiados, com 55 veículos queimados. Em terceiro, a cidade de Nova Iguaçu, também na Baixada, teve 24 ônibus atacados.
Ranking das cidades com mais ônibus queimados:
Rio de Janeiro ——- 239
Duque de Caxias——- 55
Nova Iguaçu ——— 24
Magé ————— 18
Niterói ————– 17
São Gonçalo ——- 16
Belford Roxo ——- 12
Japeri ————— 8
Macaé ————– 8
São João de Meriti- 6
Média anual reduzida
Mesmo com o total de 430 ônibus incendiados em 11 anos, os últimos cinco anos da série histórica contabilizaram um total de veículos queimados bem menor, em relação aos primeiros seis anos da série.
Entre 2020 e 2024, foram 108 ônibus incendiados, uma média de 21 veículos queimados por ano. Já nos primeiros 6 anos contabilizados no levantamento da Semove, entre 2014 e 2019, esse total ficou em 322 ônibus queimados.
Nesse período, a média de ataques criminosos por ano ficou em 53 ônibus incendiados.
2017 teve 94 ataques
Em 2024, o RJ teve 19 ônibus incendiados. O total já representa uma redução grande em relação ao ano de 2023, quando foram registrados 58 veículos atacados.
O alto número de ataques no ano passado está diretamente ligado ao dia 23 de outubro, quando criminosos incendiaram 35 ônibus em um único dia. Os marginais queimaram 30 ônibus comuns e 5 veículos do BRT.
No total, o prejuízo ultrapassou os R$ 37 milhões. A cidade do Rio teve o dia com mais ônibus incendiados por criminosos em sua história, segundo o Rio Ônibus, o sindicato que representa as empresas do setor.
Bandidos queimam trem e dezenas de ônibus no maior ataque ao transporte público do Rio de Janeiro
Os ataques foram em represália à morte do sobrinho do chefe da milícia Zinho, na comunidade Três Pontes, na Zona Oeste. Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão, era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil.
Número de incêndios por ano:
2014 – 74
2015 – 40
2016 – 44
2017 – 94
2018 – 45
2019 – 25
2020 – 9
2021 – 11
2022 – 11
2023 – 58
2024 – 19
Contudo, o ano de 2023 não foi o ‘campeão’ de ônibus incendiados de forma criminosa. Essa marca ficou registrada em 2017, quando o estado contabilizou 94 veículos queimados.
Relembre alguns casos de ônibus queimados em 2017:
28/4 – oito ônibus foram queimados durante protesto contra reformas no Centro do Rio
21/4 – dois coletivos incendiados em Madureira; ação da PM deixou 2 mortos
1/2 – ônibus queimado após sessão que reelegeu Jorge Piccinai na Alerj
28/1- seis ônibus destruídos em protesto na Zona Norte
Em agosto daquele ano, a capital do estado já contabilizava 82 ônibus incendiados e o prejuízo estimado de R$ 56 milhões.
Um manifestante caminha perto de um ônibus em chamas durante protesto contra medidas de austeridade do Governo estadual do RJ perto da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
Ricardo Moraes/Reuters
O número de 2017 no RJ seguia um padrão nacional de ataques à veículos de transporte público. De janeiro a 19 de setembro daquele ano, foram 312 coletivos queimados criminalmente em todo o país.
Campanha de conscientização
Com o objetivo de alertar as autoridades responsáveis pela segurança e informar a sociedade sobre os prejuízos à mobilidade urbana, a Semove lançou uma plataforma batizada de Ônibus em chamas.
O portal reúne dados sobre os veículos incendiados em atos de vandalismo desde 2014. Na ferramenta, será possível consultar cada caso registrado no Estado, tendo acesso a informações como data, local e quantidade de ataques; a empresa responsável pela operação da linha e os custos para reposição dos coletivos destruídos.
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O lançamento da plataforma no site da Semove conta com a campanha “Quando um ônibus é queimado, quem perde é você”, que vai disponibilizar à população informações sobre o impacto que os ataques causam diariamente a quem precisa se deslocar utilizando o transporte público.
A ação tem o apoio do Disque Denúncia (2253-1177), que tem uma parceria com o setor de ônibus para o registro e a análise de informações sobre casos de violência no transporte público, a fim de auxiliar as autoridades policiais.
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