Dos Santos, Hypólito 3, Biles II: saiba como ginastas fazem para ter seu nome em um movimento

Com o pedido de Rebeca Andrade de homologação do Triple Twisting Yurchenko (TTY, Yurchenko com tripla pirueta) à Federação Internacional de Ginástica (FIG), cresce a expectativa de que a ginasta brasileira finalmente tenha um salto para chamar de seu. O anúncio da solicitação do salto inédito foi feito na quinta-feira pela própria Federação.

Assim como Daiane dos Santos (que nomeou o Duplo Twist Carpado como “Dos Santos”) e a americana Simone Biles (que já deu nome a cinco elementos, sendo os mais conhecidos o “Biles I” e o “Biles II”), a primeira medalhista olímpica da ginástica artística do País pode estar prestes a apresentar o “Andrade” nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Porém, para batizar um elemento da ginástica, alguns requisitos são necessários.

COMO UM GINASTA PODE TER UM MOVIMENTO PARA CHAMAR DE SEU?

Se quiser nomear o Triple Twisting Yurchenko, Rebeca deve realizar o movimento a qualquer momento da competição sem cometer grandes erros de execução. Além disso, de maneira geral, é necessário que o movimento nunca tenha sido executado em competições oficiais da FIG. Os Jogos Olímpicos são uma das competições reconhecidas pela Federação, logo, movimentos inéditos feitos em Paris poderão ser batizados.

Além de Rebeca, também Simone Biles homologou um movimento. O elemento apresentado pela ginasta à Federação Internacional deve ser realizado na prova de barras assimétricas. Assim como Rebeca, Biles só conseguirá registrar – mais uma vez – seu nome no código de pontuação da ginástica artística se fizer o giro sem muitas falhas.

Além das duas, que disputarão a medalha de ouro em várias provas, outras ginastas homologaram elementos. As holandesas Naomi Visser e Lieke Wevers submeteram o mesmo giro na apresentação do solo. A primeira que fizer o movimento terá o direito de batizá-lo.

BRASILEIROS HISTÓRICOS

Rebeca não seria a primeira brasileira a batizar um movimento. A primeira do País a conseguir o feito foi Heine Araújo, no Mundial da Bélgica em 2001. A Federação Internacional registrou seu giro na trave como “Araújo”. Recentemente, outra ginasta do Brasil registrou um elemento no aparelho. Julia Soares, à época com 15 anos, registrou uma nova entrada na trave.

Daiane dos Santos, um dos nomes mais conhecidos da ginástica artística brasileira, tem dois elementos que levam seu nome: o Duplo Twist Carpado e o Duplo Twist esticado, que são chamados de “Dos Santos I” e “Dos Santos II”. Lorrane Oliveira, anos depois, aprimorou o Duplo Twist Carpado de Daiane e registrou o “Oliveira” no Mundial de 2021.

No masculino, Diego Hypólito é o atleta que mais batizou elementos. São três: Hypólito 1, Hypólito 2 e Hypólito 3. Nas barras paralelas, Sérgio Sasaki também nomeou um movimento. Por último, Arthur Zanetti, reconhecido por sua alta atuação nas argolas, registrou o “Zanetti”.

UM JEITO DE BARRAR SIMONE BILES

A tentativa da execução do Yurchenko Triple Twist surge como uma maneira de superar Simone Biles no salto. A ginasta dos Estados Unidos executou com perfeição, no treino de pódio realizado em Paris nesta semana, o Biles II, considerado o movimento mais difícil da ginástica artística feminina. Com nota de saída de 6,4, o elemento, se bem executado, praticamente garante o ouro na prova para a americana.

O Biles II também é um movimento da família Yurchenko – um grupo de saltos de entrada. No caso do segundo elemento batizado por Biles no salto, depois da entrada, é realizado um duplo mortal carpado. O salto que Rebeca tentará terá, em vez do duplo mortal carpado, uma pirueta tripla (ou seja, a brasileira terá que girar 1080º em torno do próprio corpo antes de aterrissar), e valerá 6,0 como nota de saída. Assim, caso a execução de Biles seja um pouco abaixo da esperada, Rebeca pode superá-la.

Rebeca costuma executar outros saltos. O Amanar (outro da família Yurchenko) e o Cheng são duas de suas potências. Porém, a nota de dificuldade dos dois é mais baixa: 5,4 e 5,6, respectivamente. Ainda que seja um salto de maior dificuldade e, portanto, mais complicado de ser executado, o TTY vem sendo treinado pela ginasta brasileira – como publicado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) dias antes da chegada dos atletas a Paris – e pode ser o responsável por dar à ginasta uma vitória em cima da maior da história da modalidade.

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