Acomodação do dólar a R$ 6,00 e seus efeitos políticos

O ministro Fernando Haddad disse que é normal uma certa acomodação do dólar. A fala veio após o presidente Donald Trump sinalizar um protecionismo comercial menor do que o anunciado durante a campanha. A fala de Haddad tem alguns equívocos. O primeiro é acreditar que a alta ocorra apenas por questões externas, como o aumento do protecionismo americano com a vitória de Trump.

De fato, o dólar subiu em relação a várias moedas, mas as questões fiscais internas brasileiras pesaram muito mais do que as externas. Prova disso é que o real foi a moeda que mais se desvalorizou contra o dólar. Não é novidade dizer que a depreciação maior por aqui decorreu da desconfiança do mercado em relação às medidas fiscais e sustentabilidade da dívida pública. 

O segundo equívoco da fala do ministro é acreditar implicitamente que a acomodação próxima de R$ 6,00 não seja ruim. Na verdade, o dólar a R$ 6,00 traz impactos inflacionários e prejudica o setor produtivo, principalmente empresas dependentes de tecnologia, insumos e matérias-primas importadas do exterior. No fundo, o ministro Fernando Haddad sabe disso e entende a gravidade da situação. Tanto é que deixou as suas cômodas férias para tocar a ministério da Fazenda. Sua tarefa envolve não apenas responsabilidade econômicas, mas sobretudo, políticas. 

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O presidente Lula também sabe que, se o dólar não recuar e a Selic chegar a 15%, conforme previsto pelo relatório Focus, os efeitos econômicos serão perversos (desemprego e inflação) para o seu governo, naturalmente atingindo a sua popularidade e do seu principal ministro. Na prática, uma crise econômica pode significar uma derrota do PT nas eleições de 2026. Sem dúvida, a crise se concretizada, será creditada a Lula e Haddad – um dos dois possíveis candidatos para o pleito. O momento é crucial para o PT.

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