Criança morre após internação por amigdalite; polícia apura negligência

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e a Polícia Civil investigam a morte de Bruna Brito Barbosa de Araújo, de 4 anos, que morreu em dezembro, quatro dias após ser atendida em um hospital particular do Recife.

A criança foi inicialmente diagnosticada com amigdalite e tratada com benzetacil, mas teve uma piora no quadro e acabou não resistindo no dia 13 de dezembro.

A família de Bruna denunciou os médicos envolvidos no atendimento à criança, incluindo profissionais das áreas de pediatria, anestesiologia e otorrinolaringologia, ao Cremepe, que abriu uma sindicância nesta semana para apurar possíveis infrações éticas.

A Polícia Civil de Pernambuco também instaurou um inquérito para investigar as circunstâncias da morte de Bruna. Em nota, a polícia informou que o caso é acompanhado pela Delegacia de Polícia de Crimes contra Criança e Adolescente, que solicitou perícias para ajudar na apuração dos fatos. No momento, a polícia não forneceu detalhes adicionais sobre a investigação.

Denúncia

Na última terça-feira (14), os pais de Bruna denunciaram o caso nas redes sociais, em uma série de três vídeos. A família da menina alega que, durante o atendimento, em dezembro, houve negligência por parte dos profissionais de saúde.

Segundo os pais, Josinaldo de Araújo Júnior e Gabriella de Brito Silva, a criança foi levada ao hospital no dia 9 de dezembro com sintomas de amigdalite. A menina apresentava sintomas como dor de garganta, inchaço na área do pescoço e mau hálito. Bruna havia feito um ciclo de antibiótico pouco tempo antes para tratamento de uma otite. A médica que fez o atendimento prescreveu uma aplicação de benzetacil –antibiótico injetável de ação rápida.

Em um primeiro momento, a família se opôs ao uso do medicamento, mas foi convencida pela médica de que seria a alternativa mais adequada. No entanto, Bruna não apresentou melhora.

“Na quarta-feira, foi quando a médica bem mal-educada falou que benzetacil não era um remédio para dor de cabeça, que passava em 10 minutos”, relata Josinaldo de Araújo Júnior, pai de Bruna.

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Queda na UTI

A menina não melhorou. No dia 12 de dezembro, Bruna foi submetida a uma tomografia de garganta, mas o exame não foi realizado devido a complicações respiratórias. A criança foi entubada e encaminhada para a UTI, onde, segundo os pais, ocorreu um incidente durante a transferência.

“Na hora da transferência de uma maca para a maca da UTI, a gente escuta um barulho e o grito de uma das enfermeiras dizendo: ‘Doutora, o que é isso, doutora?’ E um estouro muito grande do cilindro de oxigênio. Nesse momento, a doutora se desespera e grita: ‘Fecha a porta, fecha a porta!’ para que a gente não visse o que estava acontecendo. E, então, fecharam a porta. Ali, a gente já sabia que tinham feito algo que tinha acabado com tudo. A chance que Bruna tinha, por uma coisa mínima, se tornou impossível. Porque derrubaram Bruna”, contou Gabriella de Brito Silva, mãe da menina.

A família acredita que Bruna foi derrubada durante o processo de transferência para a UTI, o que resultou em hematomas e agravou sua condição. A menina morreu por volta das 6h30 de 13 de dezembro. O hospital, por sua vez, informou que a causa da morte foi hemorragia pulmonar.

“A doutora fechou a porta e ali a gente não sabia quanto tempo se passou, se foi uma hora, 40 minutos, não sei. Mas antes disso, uma enfermeira saiu da sala. Ela estava com muito sangue na roupa. Eu perguntei: ‘O que aconteceu? Vocês derrubaram minha filha?’ Ela respondeu: ‘Não, Bruna se extubou’. ‘Bruna se extubou? Ela tava sedada.’ (…) A enfermeira saiu para chamar outra médica, uma pediatra, e depois voltaram para a sala. E ali eles estavam tentando salvar a vida de Bruna, fazendo manobras de salvamento”, denunciou Gabriella.

O laudo do Instituto Médico Legal de Pernambuco (IML) foi liberado na quarta-feira (15). De acordo com o documento, a causa da morte da menina foi insuficiência respiratória aguda, resultante de uma infecção respiratória, que teve como complicação uma hemorragia pulmonar.

O Cremepe, por meio de nota, lamentou o falecimento de Bruna e garantiu que está seguindo as diretrizes do Código de Ética Médica na apuração do caso, que tem prazo inicial de 90 dias, podendo ser prorrogado. Em nota, o Conselho reiterou que sua investigação “tem caráter investigativo, com o objetivo de apurar a autoria e a materialidade de uma possível infração ao Código de Ética Médica”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Criança morre após internação por amigdalite; polícia apura negligência no site CNN Brasil.

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