Scholz e Merz se enfrentam em primeiro debate pré-eleições

"ImigraçãoRetração da economia alemã e avanço da ultradireita foram alguns dos temas que dominaram o embate entre candidatos a chanceler federal, a duas semanas das eleições na Alemanha.Friedrich Merz, da União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita, e o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), de centro-esquerda, participaram, na noite deste domingo (09/02), do primeiro grande debate televisivo antes das eleições para o Bundestag (a câmara baixa do parlamento alemão), a duas semanas do pleito.

O bloco conservador CDU/CSU está atualmente liderando as pesquisas, com pouco menos de 30% de apoio, seguido pelo partido populista de ultradireita Alternativa para Alemanha (AfD), com mais de 20%, e o SPD de Scholz em terceiro lugar, com 16%.

O atual chanceler tentou marcar pontos na questão da votação com a AfD – Merz e seu partido, do qual é líder, romperam um combinado histórico e contaram com votos da legenda de ultradireita para aprovar uma moção no Bundestag por regras mais duras contra imigrantes no país. O movimento político causou críticas inclusive dentro da CDU – a ex-chanceler alemã Angela Merkel classificou a votação como “equivocada”.

A quebra do compromisso de não formar maiorias parlamentares com a AfD é um dos temas mais sensíveis da campanha e levou centenas de milhares de manifestantes às ruas desde o fim de semana passado, em cidades como Munique, Berlim e Hanover.

No debate deste domingo, Scholz acusou Merz de “quebrar sua palavra” e “quebrar tabus” e expressou preocupação de que seu adversário possa unir forças novamente com a AfD após a eleição. Questionado se realmente quer trabalhar com o partido de ultradireita, o líder da CDU respondeu: “Não quero fazer isso”. Sobre a aprovação da moção, afirmou que “nunca, em nenhum momento” negociou com a AfD sobre sua aprovação.

Merz, por sua vez, usou seus primeiros minutos de fala para atacar outro ponto central da corrida eleitoral deste ano, que é retração da economia alemã. “Nós estamos no terceiro ano de recessão. Isso nunca aconteceu antes na Alemanha”, disse, questionando na sequência por que o país tem mostrado um desempenho pior do que muitos países ocidentais.

Scholz respondeu que isso se devia, em grande parte, ao fato de a Alemanha, uma potência europeia altamente industrializada, ser mais vulnerável aos preços dos recursos e da energia do que muitos outros países, estando mais suscetível a interrupções de oferta causadas pela guerra na Ucrânia.

Os alemães vão às urnas no dia 23 de fevereiro – em eleições antecipadas após o fim da coalizão que governava o país – para eleger os membros do Parlamento, que escolhem o chefe de governo da Alemanha.

Imigração no centro do debate

Além da discussão em torno da AfD, que tem como marca registrada seu discurso anti-imigração, o tema da entrada de pessoas à Alemanha dominou boa parte dos 90 minutos de debate.

Merz pressionou o chanceler sobre a política do governo para imigrantes, e para isso evocou o sentimento de segurança destruído por ataques promovidos por requerentes de asilo no país, como o ocorrido em janeiro na cidade de Aschaffenburg.

Merz acusou Scholz de permitir “bem mais de dois milhões de migrantes irregulares na Alemanha”.

Scholz rebateu dizendo que seu governo trabalhou para conter a migração irregular: “Aumentamos as deportações em 70% desde que me tornei chanceler”. Scholz prometeu continuar “linha dura” com o tema, caso reeleito, com a construção de mais “centros de deportação”.

Sobre Trump e seus planos para Gaza

Scholz criticou o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de transformar a Faixa de Gaza em uma espécie de Riviera – implicando em um deslocamento de palestinos que viola o direito internacional.

Merz disse que as declarações de Trump são bastante “irritantes”, mas que ainda não se sabe o que será levado a sério.

sf (DW, ots)

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