‘Imagino Macapá’: poetisa de SC escreve impressão sobre cidade que nunca visitou


Escritora se inspirou nos relatos de um amigo tucujú que contava sobre a cidade natal. Poetisa conta sua impressão sobre terras macapaenses a partir de relatos
Divulgação
De forma lírica, Mariana Vogt de 30 anos, conta em ‘Imagino Macapá’, livro que irá lançar, sobre a impressão que possui da cidade tucujú que nunca visitou. A poetisa, que mora em Florianópolis (SC), ficou fascinada pelos relatos de um amigo amapaense sobre a cidade natal.
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Em sua escrita, a autora destaca um detalhe: água. Com versos que contam sobre o fato de nunca ter visto a chuva do inverno amazônico e muitas outras riquezas culturais que são tradicionais no estado, como a gastronomia.
“O livro foi escrito a partir de fragmentos relatados e um exercício de imaginação, de visualizar uma cidade desconhecida a partir da poesia. Então, parto de um lugar de não-saber, mas também de reconhecimentos. Soube que em Macapá a terra é vermelha, assim como é a terra de Ijuí, minha cidade natal”, contou Vogt ao g1.
Veja uma poesia do livro:
Escrevo de Florianópolis
lugar onde estou.
Imagino Macapá
lugar onde nunca estive.
Escrevo sob chuva
lágrimas
e Mônica Salmaso chamando o vento.
De Macapá se vê a chuva vindo
embora eu nunca tenha visto
a chuva nascer no Rio Amazonas.
Imagino esse nascimento
como se feita de lágrimas de peixes,
a chuva.
Nasce e vem calma
para que as pessoas se preparem
para recebê-la.
Nunca recebi a chuva de Macapá
nem fechei janelas à sua espera.
Ao g1, Mariana explicou que a inspiração surgiu a partir de um verão chuvoso há alguns anos atrás em Florianópolis além de uma outra obra poética.
“Acredito, sobretudo, que as águas guiaram essa escrita ilhada, delimitação de ambos os territórios. O título é inspirado no livro Imagino Veneza, da artista e escritora Julia Panadés, que o escreve a partir da impossibilidade de estar em Veneza, outra cidade repleta de águas. Assim, é como se a poesia pudesse tocar em algo familiar, mesmo se desconhecido ou distante”, disse.
A autora disse que a vontade de visitar a cidade aumentou ainda mais com a produção da obra e que tem um grande interesse na gastronomia, visto que cresceu na confeitaria dos avós.
“Essa imaginação de sabores também está no livro, mas a vontade mesmo é poder provar os peixes, o açaí e os diversos sucos que não bebemos aqui. Embora já tenha provado alguns pratos aqui, o André (amigo tucujú) sempre diz que é diferente comer lá, e justamente aí está o encanto em conhecer outra cultura. Então, é preciso conhecer Macapá para desenhar novos imaginários”, finalizou.
O livro está disponível para a pré-venda online.
Veja outra poesia do livro:
Depois da última chuva
seis meses de espera
até a próxima.
Espero a vida inteira a chuva
a chuva a chuva a chuva
achava que os peixes
com nome de cor
dourada
diriam
nós também viemos de lá
onde a chuva nasce e vem lenta
e lenta se encontra com a terra
vermelha.
De onde eu venho a terra é vermelha.
A terra vermelha
de Macapá de onde eu venho.
De onde estou a terra é areia.
A terra areia
de Florianópolis de onde escrevo.
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