Homem pega prisão perpétua na França por queimar sua esposa viva

A Justiça condenou nesta sexta-feira (28) à prisão perpétua um homem pelo assassinato de sua esposa, contra quem ele atirou em ambas as pernas antes de queimá-la viva perto de Bordeaux, no sudoeste da França, em maio de 2021.

Este caso, que a promotora Cécile Kauffman descreveu durante o julgamento em Bordeaux como um “ataque homicida com intenção de extermínio”, comoveu a França e se tornou um símbolo da violência de gênero.

Em 4 de maio de 2021, Mounir Boutaa, um trabalhador da construção civil franco-argelino de 48 anos, atirou contra sua esposa Chahinez Daoud nas pernas com uma escopeta, depois derramou gasolina sobre ela e ateou fogo.

Escondido desde a madrugada em um furgão adaptado para observar sem ser visto, o homem vigiou durante todo o dia a mulher de 31 anos, com quem se casou em 2015, antes de matá-la.

Durante o julgamento, Boutaa assegurou que queria lhe dar “um susto de morte”, mas sem matá-la, ao pensar, sem fundamento, que ela era infiel. “Não fui eu, não era o meu corpo, não era a minha mente”, acrescentou ele sobre o assassinato.

Pressionado por uma de suas advogadas, Elena Badescu, o homem disse nesta quinta que lamentava o sucedido. “Eu a amava”, acrescentou o condenado, que foi descrito pelos médicos como “paranoico”.

“Matar porque amamos loucamente é uma aberração”, ressaltou a promotora, que lembrou que a vítima estava “bem viva quando este homem lhe ateou fogo”. “85% de seu corpo estava queimado”, acrescentou.

Por esses fatos, o tribunal o condenou à prisão perpétua e lhe impôs um período de 22 anos durante o qual não terá direito à progressão de pena, ao estimar sua “periculosidade”.

A vítima tinha três filhos, entre eles dois de uma relação anterior, e “vivia com medo”, asseguraram suas amigas. Seu marido controlava seu celular e seu Facebook, e também tentava impedi-la de trabalhar.

Um mês e meio antes de sua morte, a mulher apresentou uma denúncia contra o homem, com quem queria romper o relacionamento, mas um policial, que tinha acabado de ser condenado por violência doméstica, fez mal o registro.

Chahinez Daoud “não queria ser prisioneira, ser um brinquedo, por isso a mataram”, assegurou seu pai.

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