Mais de mil mortos após forte terremoto atingir Mianmar e Tailândia

"EquipesTremores de magnitude 7,7 destruíram prédios, estradas e outras estruturas nos dois países do Sudeste Asiático, e foram sentidos ainda em partes da China e da Índia.Já passa de mil o saldo de mortos no terremoto que atingiu o centro de Mianmar nesta sexta-feira (28/03), segundo informações do governo militar do país do Sudeste Asiático. Os tremores que chegaram à magnitude 7,7 puseram abaixo prédios inteiros e destruíram estradas, pontes e represas, comprometendo a infraestrutura de uma região já fragilizada por uma guerra civil.

Equipes de resgate vindas do exterior começaram a chegar neste sábado para ajudar com os resgates. A princípio, a informação era de 144 mortos. Neste sábado, o governo atualizou o número para 1.002 vítimas. Há outros mais de 2,3 mil feridos e 30 desaparecidos. Os números podem subir à medida que os trabalhos de resgate de pessoas presas sob os escombros avançam.

O epicentro do tremor foi localizado a 16 quilômetros a noroeste da cidade birmanesa de Sagaingue, a uma profundidade de 10 quilômetros, de acordo com informações do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), e aconteceu por volta das 12h50, horário local.

O USGS estima que o número de mortos em Mianmar pode passar dos 10 mil, e que as perdas podem ser maiores do que o produto interno bruto do país.

Na capital Naipidau, o terremoto danificou santuários religiosos e algumas casas. Em Mandalai, a segunda maior cidade do país, os tremores destruíram parte do antigo palácio real e alguns prédios, de acordo com relatos nas mídias sociais. Em Sagaingue, uma ponte de 90 anos despencou.

Na cidade de Aungban, no interior de Mianmar, um hotel desabou e muitas pessoas ficaram presas no local, segundo relatos das equipes de resgate nas mídias sociais.

Os tremores também foram sentidos na Tailândia, onde prédios desabaram, e em menor intensidade em regiões da Índia e da China.

Desabamentos em Bangcoc

Na vizinha Tailândia, o terremoto também foi sentido em várias cidades, e prédios residenciais e comerciais foram temporariamente evacuados em Bangcoc, a mais de 600 quilômetros do epicentro. Todas as linhas de metrô e trem também foram temporariamente suspensas. Até o momento, a informação é de que há nove mortos, 30 feridos e 49 desaparecidos.

A emissora pública tailandesa PBS relatou o desabamento de um arranha-céu em construção na capital, onde cerca de 50 pessoas estavam dentro. Sete delas conseguiram escapar, enquanto o restante ficou preso. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o desabamento do prédio de 30 andares em construção, e o pânico de quem estava nas proximidades.

A população em Bangcoc foi orientada a evacuar os prédios e a ficar do lado de fora, no caso de mais tremores. A área metropolitana de Bangcoc abriga mais de 17 milhões de pessoas, muitas das quais vivem em arranha-céus.

Mianmar pede ajuda internacional

Embora a extensão total da catástrofe ainda não seja conhecida, o líder de Mianmar, país que vive uma guerra civil, fez um raro apelo por ajuda internacional.

Segundo o chefe da junta militar, Min Aung Hlaing, o número de mortos “provavelmente aumentará”.

“Eu gostaria de convidar qualquer país, qualquer organização ou qualquer pessoa em Mianmar para vir e ajudar. Obrigado”, disse após visitar um hospital na capital Naypyidaw. Ele pediu esforços massivos de resgate e disse que havia “aberto todos os caminhos para receber ajuda estrangeira”.

A Índia, a França e a União Europeia se ofereceram para prestar assistência, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que estava mobilizando seu centro de logística em Dubai para preparar suprimentos para lesões traumáticas.

A China e a Rússia, maiores fornecedores de armas das Forças Armadas birmanesas, estiveram entre os primeiros a oferecer ajuda para o país.

Já a primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, afirmou que “todos os edifícios” da capital serão inspecionados. A cidade está sob declaração de emergência.

Guerra civil devastou infraestrutura

Quatro anos de guerra civil, desencadeada pela tomada do poder em 2021 pelos militares, devastaram a infraestrutura e o sistema de saúde de Mianmar, deixando o país mal equipado para responder a um desastre deste tipo.

Em meio à guerra civil, travada por milícias e também militantes pró-democracia, forças governistas perderam o controle de boa parte de Mianmar. Em muitos lugares, prestar assistência humanitária é uma tarefa perigosa ou impossível, dada a dificuldade de locomoção.

As Nações Unidas estimam que quase 20 milhões de pessoas estejam necessitando de ajuda, e que 3 milhões foram deslocados pelos conflitos com os militares.

E apesar do terremoto, fontes citadas pela agência de notícias Associated Press afirmam que o governo continua a bombardear regiões controladas por rebeldes.

Mianmar declarou estado de emergência nas seis regiões mais afetadas após o terremoto, que a OMS descreveu como uma “ameaça muito grande à vida e à saúde”.

Centenas de vítimas chegaram a um grande hospital em Naypyidaw, onde a entrada do departamento de emergência desabou.

Um funcionário do hospital, o mesmo visitado pelo chefe da junta, descreveu o cenário como uma “área de vítimas em massa”, com médicos tratando os feridos do lado de fora.

Mianmar está localizada perto de uma zona de alta atividade tectônica devido à pressão entre a placa do subcontinente indiano ao sul e a placa eurasiática ao norte. O terremoto desta sexta-feira é um dos mais fortes registrados nos últimos anos.

Seis fortes tremores de terra de magnitude 7,0 ou mais ocorreram entre 1930 e 1956 perto da Falha de Sagaing, que vai de norte a sul pelo centro do país, de acordo com USGS.

Em 2016, um forte terremoto de magnitude 6,8 na antiga capital Bagan, no centro de Mianmar, matou três pessoas, derrubando também torres e desmoronando paredes de templos no destino turístico.

sf/cn/gq/ra (dpa, AP, Reuters)

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