Mário Trigo, primeiro dentista a trabalhar com a seleção, era um piadista nato

Nem sempre os jogadores são os únicos protagonistas de um clube ou de uma seleção. Na Suécia, em 1958, ano do primeiro título do Brasil em Copas, integrantes da comissão técnica também entraram para a história. Mário Trigo Loureiro (1911-2008) foi o primeiro dentista oficial do escrete verde amarelo. Com passagens pelo Fluminense, Vasco e Bangu, ele era muito querido pelos atletas, principalmente por ser um piadista nato e contribuir para o bom ambiente

Chamado de “Tiradentes do Brasil”, Mário Trigo extraiu 133 dentes de 33 jogadores da seleção que se reuniram na fase preparatória em Poços de Caldas e Araxá. Em entrevista à Jovem Pan, ele revelou que Pelé, Djalma Santos, Nilton Santos e Bellini eram os atletas com a dentição mais perfeita do grupo. No entanto, o profissional não estava lá apenas para extrair dentes, como revelava Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira: “O tranquilizante chamava-se Mário Trigo. Ele era um sujeito muito alegre, um grande contador de anedotas. Quando o clima estava um pouquinho tenso, a gente punha o Mário Trigo a falar. (…) Não tivemos tensão nunca”

Durante o Mundial, o cartola brasileiro sugeriu a Mário Trigo para promover uma atividade na concentração com o objetivo de entreter os jogadores. O dentista teve a ideia de organizar uma corrida entre o massagista Mário Américo e o roupeiro Assis e pediu ao dirigente uma nota de cem dólares que seria dada ao vencedor. Assis, que era campeão de corridas, ganhou a disputa, mas não levou a bolada, pois tinha combinado com Mário Américo que o dinheiro seria dividido, independentemente do vencedor. Melhor para o massagista que dificilmente ganharia a parada. 

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Em 29 de junho de 1958, o Brasil goleou a Suécia por 5 a 2 e conquistou o título inédito. O rei do país, Gustavo Adolfo, foi ao gramado cumprimentar os campeões, um a um, e, como não conhecia Paulo Machado de Carvalho, passou direto pelo dirigente brasileiro. No entanto, Mário Trigo, pegou a majestade pelo braço e disparou: “Come here, King, that is the boss” (venha cá, rei, esse é o chefe). Um pouco antes, o dentista já tinha ajudado o massagista Mário Américo a distrair o árbitro para conseguir “fugir” com a bola da partida e guardá-la como “souvenir”.

Em 2007, Mário Trigo concedeu uma entrevista ao repórter Vander Luiz e contou muitas histórias da seleção brasileira. Imperdível!

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