Réu por golpe, Bolsonaro ataca Lula e diz esperar ajuda de fora

SÃO PAULO, 6 ABR (ANSA) – Réu por tentativa de golpe de Estado e inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro comandou neste domingo (6) uma manifestação com milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, para cobrar anistia aos envolvidos na insurreição de 8 de janeiro de 2023.   

Sobre um trio elétrico diante do Masp, o ex-mandatário de extrema direita desferiu ofensas contra seus adversários e negou que a invasão de bolsonaristas ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para exigir uma intervenção militar contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha sido uma tentativa de golpe.   

“Só psicopatas para falar que aquilo foi uma tentativa armada de golpe militar”, afirmou Bolsonaro em um longo discurso para seus apoiadores, quase todos vestidos de verde e amarelo, em meio a inúmeras bandeiras de Israel e dos Estados Unidos.   

O ex-presidente também denunciou um suposto “ativismo jurídico” contra a direita no mundo todo, “como cassaram [Marine] Le Pen na França, como quiseram cassar Trump nos Estados Unidos, como Maduro fez na Venezuela”.   

“Eleições de 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, é escancarar a ditadura no Brasil”, disse o ex-mandatário, que foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a oito anos de inelegibilidade por convocar embaixadores estrangeiros para jogar dúvidas sobre a lisura do sistema de voto no Brasil e transmitir o evento na TV pública.   

“Mas temos esperança. O movimento aqui hoje é pela anistia, pela liberdade das pessoas de bem, pessoas que nunca pegaram em armas na vida. O golpe deles só não foi perfeito porque no dia 30 de dezembro de 2022 eu saí do Brasil [para os EUA]. Se eu tivesse no Brasil, seria preso na noite de 8 de janeiro e estaria apodrecendo na cadeia ou teria sido assassinado pelos mesmos que botaram esse vagabundo na Presidência”, atacou.   

Segundo pesquisa do instituto Quaest, 56% dos brasileiros são contrários a uma anistia referente ao 8 de janeiro.   

Bolsonaro ainda afirmou que “canalhas” querem matá-lo e que ele ainda “espera que alguma coisa de fora venha” para ajudá-lo, citando a recente mudança de seu filho Eduardo para os EUA.   

Essa foi a primeira manifestação liderada pelo ex-presidente após ele ter virado réu no STF por crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado de direito, dano qualificado por violência e grave ameaça contra patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado.   

Ele arrisca pegar mais 30 anos de prisão se for condenado pelo Supremo. (ANSA).   

Adicionar aos favoritos o Link permanente.