Juiz manda Trump restituir acesso de jornalistas da Associated Press à Casa Branca

Um juiz dos Estados Unidos determinou nesta terça-feira (8) que a Casa Branca suspenda as restrições de acesso impostas à jornalistas da Associated Press (AP) devido à decisão da agência de notícias de continuar se referindo ao Golfo do México em sua cobertura.
A decisão do juiz distrital dos EUA Trevor McFadden, nomeado por Trump durante seu primeiro mandato, obriga a Casa Branca a permitir que jornalistas da AP tenham acesso ao Salão Oval, ao Air Force One e a eventos realizados na Casa Branca enquanto o processo movido pela agência tramite na Justiça.
“O tribunal simplesmente considera que, sob a Primeira Emenda, se o governo abre suas portas para alguns jornalistas — seja para o Salão Oval, a Sala Leste ou outro local — não pode então fechá-las para outros jornalistas devido às suas opiniões”, escreveu McFadden em sua decisão.
O juiz afirmou que sua decisão só entrará em vigor no domingo (13), dando tempo à administração Trump para recorrer.
A AP processou três assessores seniores de Trump em fevereiro, alegando que as restrições foram uma tentativa de coagir a imprensa a usar a linguagem preferida pelo governo. O processo afirma que as restrições violam proteções previstas na Constituição dos EUA para a liberdade de expressão e o devido processo legal.
Os advogados da administração Trump argumentaram que a AP não tem direito ao que a Casa Branca chamou de “acesso especial” ao presidente.
Inicialmente, o juiz McFadden recusou o pedido da AP por uma ordem emergencial para suspender as restrições. No entanto, ele destacou que, historicamente, os tribunais costumam favorecer os jornalistas em casos relacionados ao acesso da imprensa.
A Casa Branca começou a restringir o acesso da AP a vários eventos com Trump depois que a agência de notícias declarou que continuaria usando o nome Golfo do México, apesar da ordem de Trump para renomear a área como Golfo da América.
Dois jornalistas da AP, Zeke Miller, correspondente-chefe da Casa Branca, e Evan Vucci, chefe de fotografia em Washington, disseram ao tribunal que as restrições prejudicaram a capacidade da agência de cobrir Trump.
“Estamos praticamente paralisados em grandes reportagens”, testemunhou Vucci, que fez a agora icônica fotografia de Trump cerrando o punho após a tentativa de assassinato em 2024.
Miller afirmou ter notado uma “suavização no tom e na postura das perguntas que alguns repórteres fazem ao presidente”.
Brian Hudak, advogado do Departamento de Justiça que representa os assessores de Trump, negou na audiência que a AP tenha sido totalmente excluída. Ele afirmou que fotógrafos da agência ainda tiveram acesso a alguns eventos na Casa Branca e que repórteres baseados no exterior participaram de encontros entre Trump e líderes estrangeiros.
Hudak argumentou que a Casa Branca tem autoridade para impedir jornalistas da AP de entrar nos espaços pessoais e de trabalho do presidente e acusou a agência, por suas decisões editoriais, de “se recusar a aderir ao que o presidente acredita ser a lei dos Estados Unidos”.
O caso
Os jornalistas da AP foram retirados do grupo de repórteres da Casa Branca, conhecido como “press pool”, que cobre eventos no Salão Oval e viaja com o presidente.
Em fevereiro, a Casa Branca passou a controlar a escolha dos veículos que fazem parte do grupo de imprensa. A Reuters, que divulgou um comunicado apoiando a AP, historicamente ocupava um lugar fixo no grupo e, agora, tem uma vaga rotativa entre as agências de notícias.
A AP também foi impedida de participar de eventos maiores na Casa Branca que estavam abertos a outros repórteres credenciados, segundo a queixa apresentada pela agência.
As restrições impedem os jornalistas da AP de ver e ouvir Trump, além de outros altos funcionários da Casa Branca, enquanto tomam decisões relevantes ou reagem em tempo real a eventos noticiosos.
A medida foi criticada por diversos grupos de defesa da liberdade de imprensa e pela Associação dos Correspondentes da Casa Branca.
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