Na foto em que o documentarista Janiel Kempers aparece ao lado da Dona Luiza, artesã de Caruaru, no Estado de Pernambuco, há muito a se ver, principalmente, cores. Desde o título escolhido que chama atenção para uma invalidez de pessoas donas de histórias inspiradoras, até as superações de vida, o jornalista resolveu ser a voz que precisa ser ouvida e lança Invisíveis”, série documental que será finalizada no segundo semestre deste ano. Entendeu agora porque comecei esta coluna falando da polêmica? O título provocativo exibe uma realidade dura, a qual somos telespectadores quase que diariamente nos grandes centros já que ficamos sem enxergar a profundidade das coisas.
Essa inquietação ao assistir uma bagagem cultural tão vasta ser representada de maneira velada, assolou o repórter por anos e assim nasceu o projeto. “Muitas vezes, o Nordeste é mostrado de forma estereotipada ou superficial. Queremos ir além do óbvio e mergulhar nas histórias reais das pessoas que fazem essa terra pulsar. Nossa narrativa se baseia na premissa de destacar contrastes sociais, culturais e econômicos que moldam a identidade local e nos fazem evoluir como pessoas e almas que somos”, afirma o jornalista nascido em Santa Luzia do Paruá, no interior do Maranhão.
O documentarista que já passou por redações importantes como Record TV, Portal IG, O Dia, Revista Isto É, entre outras, viajou o país e testemunhou vivências que estarão representadas nessa obra. A edição pretende mostrar o cenário entre o sertão e o litoral, revelando realidades invisibilizadas e dando voz a personagens anônimos que têm muito a dizer. As negociações já estão em andamento com algumas das maiores plataformas de streaming do mundo para sua distribuição. “Estamos conversando com players globais porque acreditamos que essas histórias precisam ser vistas pelo maior número de pessoas para serem eternizadas. O Nordeste tem uma riqueza humana e cultural gigantesca que merece reconhecimento internacional”, destaca Kempers.

No roteiro já definido, as gravações passarão por diferentes estados nordestinos, incluindo Piauí, Ceará, Maranhão e Pernambuco. A equipe está em fase de mapeamento de locais e personagens que farão parte da narrativa, enriquecida com participações de famosos da terrinha que não podem ter os nomes revelados ainda. “Queremos dar espaço a vozes anônimas que raramente são ouvidas. Nossa missão é documentar essas vidas com respeito e profundidade, mostrando que há muito mais do que se vê à primeira vista”, reforça.
Dentre os produtores da série está o cineasta pernambucano Allan Drade, conhecido por seus trabalhos que valorizam a identidade local com uma abordagem cinematográfica diferenciada. “Ter esse nome em nossa equipe é um grande diferencial para a série, que promete emocionar, informar, surpreender e desmistificar conceitos. Mais do que apenas documentar, queremos provocar reflexão: mostrar que por trás de cada rosto anônimo existe uma história que carrega força, dor, resistência e beleza. Buscamos quebrar estereótipos, confrontar desigualdades e, principalmente, criar empatia. É uma obra sobre enxergar o outro de verdade”, fala o comunicador.
Quando recebi o material sobre o projeto, me debrucei em alguns esboços e pude perceber a dose de verdade e realismo que existe nessa obra audiovisual. É sobre entender que cada vida importa e que contar essas histórias é uma forma de resistência, de valorização e de justiça social, que já começa com o propósito do colega jornalista, que encabeça o projeto, completamente independente e segue, sem apoio de empresas públicas ou privadas, sendo alimentado, por enquanto, apenas pelo seu sonho e promessa ao final de cada prosa à beira mar, com gosto de lição de vida. Parabéns pela iniciativa e postura, é o que tenho a dizer e escrever.