O peso argentino se estabilizava nesta terça-feira (15), em seu segundo dia após a liberalização da taxa de câmbio ordenada pelo governo do presidente Javier Milei, com aval de um milionário respaldo de crédito de órgãos internacionais liderados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
A moeda estava sendo negociada com um leve viés negativo de 0,08%, a 1.199 por dólar para venda, contra uma queda de 0,99% na abertura e depois de cair 10,2% na segunda-feira (14).
O banco central decidiu aplicar uma banda flutuante entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar com a ideia de gerar liquidez em momentos críticos, assumindo o compromisso de reforçar suas reservas com seus próprios fundos do mercado.
“As exportações tenderão a aumentar porque há outro incentivo [para liquidar dólares] e a operação é simplificada para os importadores. Os dividendos de 2025 já podem ser retirados [do país] e isso é muito importante para qualquer empresa que queira investir na Argentina”, disse o economista Martín Siracusa.
O índice acionário S&P Merval tinha queda de 2,3% após o meio-dia, no horário local, com realização de lucros, depois de avançar 4,7% na segunda-feira devido a um ambiente de maior confiança.
O governo recebeu bem a reação do mercado sob o novo esquema cambial, em que se pode comprar dólares com menos pesos em meio a um ajuste para baixo do “risco-país”.
Com o aumento dos volumes, o histórico mercado informal (blue) do peso era negociado com ganho de 0,4%, a 1.280 por dólar, depois de uma firme valorização de 7% na segunda-feira, quando reduziu a diferença com a paridade oficial para 7,3%, de 27,8% na sexta-feira passada.
Nesta terça-feira, está prevista a chegada de US$12 bilhões do novo crédito do FMI, dos US$ 20 bilhões acordados, que serão creditados através do Tesouro nos cofres do banco central. Dessa forma, suas reservas internacionais deverão saltar para US$36 bilhões.
A liberalização cambial, após o fim do chamado “cepo” imposto em agosto e 2019 para frear a saída de dólares, também tem o apoio do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, com programas plurianuais de US$ 22 bilhões no total, além de um empréstimo de US$2 bilhões de bancos privados.
“O mundo foi contra o ‘cepo’, os controles de capital não são aceitos pelas empresas e com preocupação entre os potenciais investidores na Argentina”, comentou o economista Marcelo Elizondo.
“O governo gerou uma boa conjunção entre o fim do ‘cepo’ e o acordo com o FMI para fortalecer as reservas do banco central. As forças de mercado colocarão um preço real no dólar (…) é uma decisão muito sábia do governo”, acrescentou.
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