CIDADE DO VATICANO, 23 ABR (ANSA) – Por Nina Fabrizio – Com a transferência do corpo do papa Francisco para a Basílica de São Pedro, foram iniciadas também as operações de limpeza e preparação da Casa Santa Marta para o conclave.
A residência onde Francisco viveu, na verdade, é a pensão do Vaticano que João Paulo II mandou reformar para oferecer acomodações dignas aos cardeais que viajavam a Roma para eleger um novo Papa, já que, até então, eles frequentemente residiam nessas ocasiões em quartos desconfortáveis e apertados.
O convite para que os moradores de Santa Marta ? não apenas a chamada família papal, mas também religiosos, prelados, embaixadores e outros inquilinos ocasionais ? desocupassem seus quartos já havia sido feito na última terça-feira (22), um dia após a morte de Jorge Bergoglio. E hoje, com o translado do corpo do argentino, que morava no segundo andar, no quarto 201, as operações entraram em pleno andamento. Trata-se da higienização de toda a residência, instalação de telas nas janelas para impedir o contato com o exterior, além da preparação de tudo o que for necessário para uma “estadia forçada”.
Os cardeais farão suas refeições em áreas comuns, poderão se confessar e terão momentos de oração. Mas tudo isso terá que acontecer longe de pessoas que não fizeram o juramento de absoluta confidencialidade.
Além disso, as forças de segurança do Vaticano vão monitorar o percurso que, pelo menos duas vezes por dia, pela manhã e no início da tarde, os cardeais eleitores deverão fazer para percorrer as poucas centenas de metros que, da Piazza di San Marta, passando pela Via delle Fondamenta e por outros vários pátios, levam ao “coração” do Vaticano, o pátio de San Damaso, de onde se terá acesso à Capela Sistina.
Antes da reforma encomendada por João Paulo II, que lhe deu a configuração atual, a casa Santa Marta era historicamente um “lazareto papal” para doentes de cólera, um pequeno hospital que surgiu nos arredores dos palácios apostólicos quando, no final do século 19, o então pontífice temeu que a epidemia da “doença asiática”, como era chamada, chegasse também a Roma.
Em 1884, a pedido de Leão XIII, o edifício tornou-se um “lazareto para acolher as famílias papais e as dos bairros próximos de São Pedro”, com uma espécie de clínica e uma igreja dedicada a Santa Marta.
A residência oficial de Francisco também se tornou um refúgio para muitos judeus durante os anos de perseguição nazista-fascista e para representantes diplomáticos em guerra com a Itália, de Benito Mussolini (1883-1945), e a Alemanha, de Adolf Hitler (1889-1945). Até que João Paulo II quis fazer do local, justamente, a “casa do conclave”, com obras de reforma, concluídas em 1998, que o transformaram, de fato, no hotel que é hoje. (ANSA).