O Poço Superprofundo de Kola, na Rússia, é famoso por ser o buraco artificial mais profundo já cavado, um feito da engenharia soviética. Mas por que este ambicioso projeto científico foi interrompido e o local abandonado?
De acordo com informações reunidas pelo site de viagens e exploração The Travel, a resposta é o resultado de uma combinação de desafios técnicos extremos e profundas mudanças geopolíticas.
Lançado em 1970, durante a Guerra Fria, o objetivo do poço não era encontrar recursos, mas, sim, penetrar a crosta terrestre para pesquisa científica, em uma demonstração de capacidade tecnológica.
Ao longo de duas décadas, a perfuração principal atingiu a marca recorde de 12.262 metros. Durante a escavação, os cientistas fizeram descobertas surpreendentes, como a presença inesperada de água líquida em grandes profundidades, fósseis microscópicos com bilhões de anos e uma composição rochosa diferente da prevista pelos modelos geológicos da época.
No entanto, o projeto enfrentou um obstáculo intransponível: o calor. Relatos da época apontam que as temperaturas no fundo do poço alcançaram cerca de 180°C, quase o dobro do esperado.
Condições climáticas adversas
Esse calor intenso danificava os equipamentos de perfuração, tornando a continuação dos trabalhos extremamente difícil e cara. O golpe final veio com o colapso da União Soviética, em 1991, que levou ao corte drástico do financiamento estatal.
Sem recursos e diante de barreiras técnicas dificilmente superáveis, a perfuração foi oficialmente interrompida por volta de 1992.

O local não foi “destruído” ativamente, mas, sim, abandonado. Com o passar dos anos, as estruturas da superfície ruíram devido à falta de manutenção e às condições climáticas adversas. Por questões de segurança, o próprio poço foi permanentemente selado com uma tampa de metal soldada por volta de 2008.
Embora o Poço de Kola tenha tido um fim prematuro, ele deixou um legado científico importante, fornecendo dados únicos sobre a geologia profunda da Terra que continuam a ser relevantes para os pesquisadores hoje.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Por que o buraco mais profundo do mundo teve que ser abandonado no site CNN Brasil.