INSS: Chrisóstomo nega foco em irmão de Lula e vai ignorar governos Temer e Bolsonaro

O deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO) negou que a CPI do INSS, protocolada nesta quarta-feira, 30, tenha foco exclusivo no irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Frei Chico, mas admitiu que a ligação dele com as fraudes deverão ser apuradas. Em entrevista à IstoÉ, Chrisóstomo minimizou a investigação sobre outros governos, mas defendeu a prisão dos acusados de desvio dos valores.

O deputado liderou o requerimento que pede a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar desvios de valores nas aposentadorias e pensões de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O documento já conta com o apoio de 185 parlamentares, e a decisão sobre o futuro da comissão está nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

As fraudes são investigadas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que deflagraram uma operação na última semana que teve ao menos 11 associações como alvo. Uma delas é o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), comandada por José Ferreira da Silva, o Frei Chico.

O parlamentar negou que o mote da CPI seja Chico, mas afirmou que ele estará no rol de investigados. No pedido enviado à Mesa Diretora, Chrisóstomo citou nominalmente apenas o Sindnapi como exemplo dos desvios, embora tenha incluído a participação de outras entidades sem nomeá-las.

“Essa CPI não tem como mote principal investigar o Frei Chico, irmão do Lula. Ele é um dos alvos, mas temos outros 11 sindicatos e associações para investigar. Ele é um dos focos, um dos objetivos que nós temos na investigação, é investigar com muita propriedade o irmão do Lula, sem dúvida nenhuma. Todos que roubaram dos aposentados devem ser apurados”, afirmou.

De acordo com as investigações, associações parceiras do INSS descontaram valores sem autorização de aposentados e pensionistas. As fraudes somam prejuízos de R$ 6,3 bilhões.

A PF afirma que os descontos começaram em 2016, ainda no governo Michel Temer, e se mantiveram durante os governos Jair Bolsonaro (PL) e Lula. Em 2023, já no governo petista, os valores saltaram 84% e, em 2024, atingiram a marca de R$ 220 milhões mensais.

Chrisóstomo minimiza os desvios em governos passados e afirma não saber se a CPI convocará nomes que estiveram na cúpula do INSS nos governos Temer e Bolsonaro. Ele ressalta não investigar presidentes, mas colocou Lula no centro das investigações.

“As informações da Polícia Federal e da CGU mostram que isso vem desde 2016. Não estou falando de um presidente específico, mas o atual está mais envolvido porque seu irmão está no centro disso”, disse.

“Logicamente que não dá pra dizer que o tema é esse, não, nada disso, eu não tô tratando de presidente. O presidente que tá mais dentro desse processo de roubo é o Lula, porque o irmão dele tá dentro”, pontuou o deputado.

Chrisóstomo ainda defendeu a demissão do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pressionado nos bastidores por suposta omissão. Em oitiva na Comissão de Previdência Social da Câmara, Lupi admitiu que soube dos desvios em 2023 durante uma reunião do conselho, mas disse que pediu investigação imediata ao então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.

Para o parlamentar, a manutenção do ministro poderá atrapalhar as investigações: “O ministro Lupi admitiu na Câmara que sabia dos roubos desde 2023. Ele deveria ter pedido demissão. Se ficar, vai atrapalhar as investigações da CPI, PF, CGU e TCU”, concluiu.

As tendências

Nos bastidores, deputados dão como certo o engavetamento da CPI. Na avaliação de parlamentares ouvidos reservadamente pela IstoÉ, Motta não deve comprar briga com o Palácio do Planalto neste momento. O governo Lula tem se posicionado contra a criação da CPI para estancar a crise gerada pela operação da PF e CGU e evitar que atinja a imagem do presidente da República.

Ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Hugo Motta afirmou que há uma fila de ao menos 12 CPIs para analisar, mas não descartou dar andamento no pedido de Chrisóstomo. Para deputados do Centrão, a promessa faz Motta ganhar tempo para enterrar ou engavetar temporariamente a ideia.

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