Em meio à sua nova condição de réu e ao desgaste público, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a mobilizar sua base com uma publicação impactante nas redes sociais. Às 20h deste sábado, 3, divulgou uma foto do próprio abdômen aberto após procedimento cirúrgico, acompanhada da legenda técnica: “Como estavam as alças intestinais após o acesso à cavidade abdominal e liberação parcial das aderências.”
Apesar do tom clínico, a imagem teve um movimento político calculado. A publicação teve mais de 37 milhões de interações e visualizações nas plataformas da Meta em menos de 24 horas. Seguidores reagiram com mensagens emocionadas como “meu presidente”, “Deus tá cuidando” e “justiça”, reafirmando o vínculo simbólico entre Bolsonaro e sua base mais fiel.
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Para o cientista de dados Alek Maracajá, da Ativaweb, trata-se de mais uma ativação da narrativa do “sobrevivente”, que Bolsonaro tem usado desde a facada sofrida em 2018. “A polarização que vivemos não nasce do acaso. Ela é alimentada diariamente por símbolos, emoções e estratégias que trocam o debate por espetáculo — e Bolsonaro domina esse roteiro como ninguém”, afirma.
A escolha do horário — sábado à noite, período de alta atividade nas redes — também foi vista como parte de um cálculo digital preciso. Segundo Maracajá, ao expor o próprio corpo de forma crua, o ex-presidente ativa elementos simbólicos como sacrifício, resistência e religiosidade. Em um momento de instabilidade política, Bolsonaro transforma novamente a dor em narrativa pública — e a cicatriz, em instrumento de mobilização.
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