
Expoente da ala conservadora da Igreja americana, Timothy Dolan critica a imagem do presidente vestido de pontífice, publicada na conta da Casa Branca: ‘Causou má impressão’. O cardeal Timothy Dolan falando à imprensa após celebrar missa em Roma neste domingo (4)
REUTERS/Hannah McKay
Cortejado pelo presidente americano como seu candidato preferido para ser o próximo papa, o cardeal Timothy Dolan sentiu na pele as agruras de ter um cabo eleitoral como Donald Trump.
Às vésperas do conclave que escolherá o próximo pontífice, o cardeal conservador se viu obrigado a distanciar-se de seu apoiador, depois que a Casa Branca publicou a foto do presidente dos Estados Unidos vestido de papa.
“Ele causou uma má impressão. Isso não foi bom”, criticou Dolan, tentando disfarçar o constrangimento pela imagem de Trump como pontífice, produzida por inteligência artificial.
Expoente da ala tradicionalista da Igreja americana, o cardeal de Nova York é próximo ao presidente americano: celebrou as orações das duas posses do presidente americano, em janeiro de 2017 e 2021, a última descrita por ele como “um grande dia para os Estados Unidos”.
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Quando esteve em Roma para o funeral do papa, Trump se apresentou como a primeira escolha para sucessor de Francisco, mas depois sugeriu o nome de Dolan, de 75 anos.
“Temos um cardeal que por acaso é de um lugar chamado Nova York e é muito bom. Então veremos o que acontece”, disse o presidente.
Se as críticas a Trump já eram fortes por esta interferência no processo de escolha do pontífice, elas multiplicaram-se depois que sua foto como papa foi compartilhada na conta oficial do governo americano. Líderes católicos denunciaram o mau gosto da publicação.
“Não há nada de inteligente ou engraçado nesta imagem, senhor presidente. Acabamos de enterrar nosso amado Papa Francisco, e os cardeais estão prestes a entrar em um conclave solene para eleger um novo sucessor de São Pedro. Não zombe de nós”, afirmou a Conferência Católica do Estado de Nova York.
Criado como presbiteriano, Trump recebeu 59% dos votos católicos na última eleição, em contrapartida aos 39% destinados a Kamala Harris.
As chances do cardeal de Nova York sagrar-se papa no conclave que começa nesta quarta-feira (7) são consideradas pequenas, já que ele não figura nas principais listas de vaticanistas.
Um dos dez cardeais americanos que elegerão o próximo pontífice, Dolan vê agora a já difícil candidatura diluir-se pela ação de seu mais desastrado cabo eleitoral.