O setor da construção civil registrou crescimento de 17% nas vendas de apartamentos no primeiro bimestre de 2025, enquanto os lançamentos recuaram 7% no mesmo período, segundo relatório Desempenho da Construção Civil no 1º trimestre de 2025 e perspectivas, divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) nesta quarta-feira (7).
Segundo a análise, o panorama mostra a cautela dos empresários diante do cenário da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, a maior taxa desde 2016 – e que pode aumentar 0,5 ponto percentual ao fim do dia após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que também ocorre nesta quarta.
A instituição ainda pontua que o Índice de Confiança do Empresário da Construção encerrou abril em 47,2 pontos, o menor nível desde julho de 2020.
“As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõe e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos, afetam o equilíbrio econômico-financeiro das obras e dificultam o planejamento de novos empreendimentos, sobretudo na habitação de interesse social”, destaca o presidente da CBIC, Renato Correia.
De acordo com a entidade, esse custo do crédito não só encarece os financiamentos para empreendimentos, como também drena recursos da caderneta de poupança (SBPE), que registrou uma fuga líquida de R$ 34,6 bilhões apenas no primeiro trimestre, superando toda a perda de 2024.
“O recuo na captação da poupança compromete uma das principais fontes de financiamento do crédito imobiliário. É essencial termos taxas de juros mais baixas para que esse público possa aumentar a sua demanda e o ritmo de lançamentos crescer”, afirma a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos.
A aposta é o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida Classe Média, que permite famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil financiarem imóveis com subsídio e juros mais baixos. Para Ieda, se trata de “um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante com a taxa de juros num patamar tão alto”.
Apesar disso, o setor segue gerando emprego e renda: 100 mil novas vagas formais foram criadas no primeiro trimestre, com salário médio de admissão de R$ 2.420,97, o maior do país, segundo a entidade.
A produção de insumos (+4,9%) e as vendas no varejo de materiais de construção (+6,7%) também mostraram resiliência.
Mesmo assim, os custos da construção civil continuam acima da inflação oficial, com o INCC acumulando alta de 7,54% nos últimos 12 meses. Os principais componentes apresentaram os seguintes aumentos:
Mão de obra: +9,96%
Materiais e equipamentos: +6,09%
E, apesar do ambiente macroeconômico desafiador, a CBIC mantém a projeção de crescimento de 2,3% para o setor em 2025, com expectativa de que a nova faixa do programa Minha Casa, Minha Vida possa contribuir para esse desempenho.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Construção cresce 17% em vendas, mas Selic trava lançamentos, avalia Cbic no site CNN Brasil.