O presidente da China, Xi Jinping, desembarcou na Rússia na quarta-feira (7) para uma série de encontros com Vladimir Putin e participação nas comemorações dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. A visita, que ocorre em meio ao acirramento da disputa comercial com os EUA, marca um novo gesto de aproximação entre Beijing e Moscou contra a ordem internacional liderada por Washington. As informações são do jornal Financial Times.
Em artigo publicado na imprensa russa e chinesa, Xi comparou a hegemonia norte-americana atual às potências derrotadas na Segunda Guerra. “As forças justas do mundo, incluindo China e União Soviética, lutaram corajosamente e derrotaram lado a lado as forças fascistas arrogantes”, escreveu o líder chinês. “Oitenta anos depois, o unilateralismo, a hegemonia e o bullying são extremamente prejudiciais. A humanidade está novamente em uma encruzilhada”.

A expectativa do Kremlin é a de que o encontro entre os dois líderes envie um “sinal poderoso contra as tentativas de reescrever os resultados da Segunda Guerra Mundial”, segundo declarou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia à agência estatal Tass. Moscou também acusou a Europa de estar “se preparando para a guerra com a Rússia como o Terceiro Reich fez no passado”.
Na sexta-feira (9), Xi estará na Praça Vermelha ao lado de outros 28 líderes estrangeiros — incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva — para acompanhar o desfile militar que celebra a vitória soviética em 1945. Os preparativos do evento foram afetados por ataques com drones ucranianos nos últimos dias, que forçaram o fechamento de aeroportos em Moscou por várias horas.
Xi aproveita a presença nas celebrações para reforçar posições internas e externas, incluindo a reivindicação sobre Taiwan. “Criminosos de guerra” da Segunda Guerra foram citados em seu artigo como adversários derrotados por China e União Soviética, hoje vistas por Beijing como “forças construtivas na manutenção da estabilidade estratégica global”.
O governo russo, por sua vez, pretende explorar a imagem de Xi assistindo ao desfile como prova de que Moscou resistiu aos esforços ocidentais de isolamento após a invasão da Ucrânia. Embora a China não tenha declarado apoio explícito à guerra, seu comércio com a Rússia disparou de US$ 147 bilhões para US$ 245 bilhões entre 2021 e 2023, ajudando a economia russa a enfrentar as sanções.
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