
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está na China para uma visita oficial que reforça os laços diplomáticos e econômicos entre os dois países. A viagem ocorre em meio a tensões comerciais entre o país asiático e os Estados Unidos e deve resultar na assinatura de mais de 20 acordos bilaterais em áreas como infraestrutura, energia, tecnologia, agricultura e saúde. Esta é a segunda vez que Lula visita o país asiático desde o início de seu terceiro mandato. Ele se reunirá com o presidente Xi Jinping nesta terça-feira (13), em Pequim, no que será o terceiro encontro de alto nível entre os dois líderes desde 2023.
A expectativa é de que os dois governos anunciem investimentos conjuntos que alinhem o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Brasil, com a Nova Rota da Seda, iniciativa global de infraestrutura liderada pela China. Mesmo sem adesão formal à Nova Rota da Seda, o Brasil negocia projetos específicos em sinergia com a iniciativa chinesa. Os acordos devem incluir parcerias em rodovias, ferrovias, energia, indústria naval, óleo e gás e conectividade.
A China também demonstrou interesse em instalar uma fábrica de fertilizantes no Paraná, o que reduziria a dependência brasileira da ureia importada. Durante a visita, Lula também busca destravar a venda de aeronaves da Embraer à China e concluir um acordo simbólico para o envio de um casal de pandas ao Brasil, gesto tradicional de amizade diplomática chinesa.
A intensificação da relação com a China ocorre no contexto do distanciamento do governo brasileiro dos Estados Unidos desde a volta de Donald Trump à Casa Branca. Trump e Lula nunca se encontraram e mantêm posições opostas em temas como meio ambiente, comércio exterior e governança multilateral. O governo norte-americano impôs tarifas extras sobre produtos brasileiros, enquanto a China enfrenta medidas ainda mais duras no conflito tarifário com os EUA.
A guerra comercial entre Washington e Pequim abre oportunidades para que Brasil e China aprofundem sua cooperação, especialmente no setor de exportações e infraestrutura. Atualmente, a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Além dos acordos econômicos, Lula e Xi Jinping devem reforçar a defesa do multilateralismo e discutir questões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia. Os dois países integram um grupo chamado “Amigos da Paz”, formado por nações do Sul Global, e propõem um cessar-fogo baseado em uma iniciativa conjunta conhecida como texto “Amorim-Wang Yi”, em referência aos diplomatas Celso Amorim e Wang Yi.
A proposta agrada mais à Rússia do que à Ucrânia, mas foi bem recebida por países que buscam alternativas diplomáticas à guerra. Durante passagem por Moscou, Lula participou das comemorações dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial e se encontrou com o presidente Vladimir Putin.
A agenda do presidente brasileiro começa na segunda-feira (12), com encontros com empresários chineses de diversos setores, como energia eólica, saúde e tecnologia. À tarde, participa de um seminário organizado pela ApexBrasil com executivos de empresas como Eurofarma, Suzano, Vale, Raízen, BYD e State Grid.

Nesta terça, além do encontro com Xi Jinping, Lula participa da cúpula China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que reúne chefes de Estado e chanceleres da região. O fórum é uma das principais ferramentas de inserção da China na América Latina, região que passou a receber pesados investimentos chineses em infraestrutura nos últimos anos. A previsão é que Lula retorne ao Brasil na quarta-feira (14), após concluir os compromissos oficiais em Pequim.
Publicado por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA