VATICANO, 12 MAI (ANSA) – O papa Leão XIV realizou nesta segunda-feira (12) seu primeiro encontro com jornalistas do mundo inteiro e convidou todos a serem “pacificadores”, apelando pela busca da verdade “com amor” e contra a “guerra de palavras e imagens”.
“Devemos rejeitar o paradigma da guerra”, disse ele em seu discurso aos representantes da mídia durante o encontro na Sala Paulo VI.
Citando o “Sermão da Montanha de Jesus”, Robert Francis Prevost convidou todos a “se comprometerem a levar adiante uma forma diferente de comunicação, que não busque o consenso a todo custo, não se revista de palavras agressivas, não abrace o modelo da competição e nunca separe a busca da verdade do amor com o que devemos buscar humildemente”.
Para o Santo Padre, “a paz começa em cada um de nós: na maneira como olhamos os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros; e, nesse sentido, a maneira como nos comunicamos é de fundamental importância”.
Durante seu pronunciamento, Prevost ressaltou a importância do trabalho da comunicação para o mundo, apelou por uma comunicação capaz de escutar e de capturar a voz daqueles que não a têm e pediu “responsabilidade e discernimento” para o uso de inteligência artificial.
Leão XIV ainda pediu para todos desarmarem as palavras e contribuírem para desarmar a Terra. “Uma comunicação desarmada e desarmante nos permite compartilhar uma visão diferente do mundo e agir de forma coerente com a nossa dignidade humana”, afirmou.
O pontífice lembrou que os jornalistas “estão na linha de frente narrando conflitos e esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza, e o trabalho silencioso de tantos por um mundo melhor”.
“Por isso, peço que escolham com consciência e coragem o caminho de uma comunicação de paz”, apelou.
Em seu alerta diante do “imenso potencial” da inteligência artificial, Prevost enfatizou que é preciso ter “responsabilidade e discernimento para orientar as ferramentas para o bem de todos, para que possam produzir benefícios para a humanidade” e “esta responsabilidade diz respeito a todos, na proporção da idade e dos papéis sociais”.
O encontro de Leão XIV com a imprensa é realizado após a cobertura mundial no Vaticano da morte do papa Francisco e consequentemente do conclave.
“Vivemos tempos difíceis de navegar e de debater, que representam um desafio para todos nós e dos quais não devemos fugir. Pelo contrário, pedem a cada um de nós, nas nossas diferentes funções e serviços, que nunca ceda à mediocridade”, reforçou.
Para o Papa, a Igreja deve aceitar o desafio dos tempos e, da mesma forma, não pode haver comunicação e jornalismo fora do tempo e da história. Citando Santo Agostinho, Leão XIV agradeceu todos pelo que fizeram “para se libertar dos estereótipos e clichês através dos quais muitas vezes interpretamos a vida cristã e a vida da própria Igreja”.
Por fim, Prevost reiterou “a solidariedade da Igreja com os jornalistas presos por terem buscado e relatado a verdade” e pediu a libertação de todos esses profissionais.
“A Igreja se reconhece nestas testemunhas – penso naqueles que contam a história da guerra mesmo à custa da própria vida – a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos à informação, porque só povos informados podem fazer escolhas livres”, afirmou ele.
Segundo Leão XIV, “o sofrimento destes jornalistas presos interroga a consciência das nações e da comunidade internacional, apelando a todos para proteger o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa”.
Ovacionado, o novo pontífice não respondeu perguntas, mas deu uma bênção para todos os profissionais de comunicação e desceu do altar da Sala Paulo VI para cumprimentar muitos dos presentes.
Leão XIV parou para dar alguns autógrafos, inclusive em uma bola de beisebol, esporte que ele ama desde os tempos em que morava em Chicago. Ao passar por um jornalista vestido de branco, Prevost também brincou sobre a “união” de notícias, ficando ao lado do repórter diante das câmeras. (ANSA).