Perda de bebê com gestação avançada: entenda possíveis causas de óbito

Nota da redação: esse texto traz um conteúdo sensível e deve ser lido com cautela.

Nos últimos dias os relatos da atriz Micheli Machado e da apresentadora Tati Machado, 33, sobre perda de seus respectivos bebês em gestação avançada se tornaram assunto assunto nas redes sociais. O tema voltou a ser debate e levanta questionamentos importantes. Em conversa com a CNN, o médico especialista Nélio Veiga Júnior, explica que a perda gestacional nas semanas finais que antecedem o nascimento não são comuns, mas podem acontecer.

A atriz Micheli Machado e o ator e apresentador Robson Nunes comunicaram, em suas redes sociais, que a artista estava na reta final de gravidez e precisou passar por uma cesárea de emergência para retirar o neném.

Em uma publicação nas redes sociais de Tati Machado, o texto informa que ela estava com 33 semanas e precisou dar entrada na maternidade após perceber a ausência dos movimentos. Até então, segundo o comunicado, a gravidez transcorria de forma saudável e também já se encontrava na reta final.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a perda gestacional após 20 semanas é chamada de óbito fetal, morte fetal intrauterina. A nomenclatura, segundo normas nos Estados Unidos, também pode ser de “natimorto”.

Segundo o médico ginecologista e obstetra Nélio Veiga Júnior, sempre é necessário observar as “causas maternas”, que podem abranger casos de hipertensão, diabetes, doenças autoimunes e algumas complicações que a própria gestação da mãe apresente. Ainda, de 10 a 20% dos casos ocorrem com fetos que possuam alguma doença genética, ou seja, que aja alteração cromossômica.

“Também, sempre precisamos checar se houve algum tipo de infecção, que é responsável por 50% dos óbitos fetais em países subdesenvolvidos. Elas podem ser desde toxoplasmose a rubéola. Herpes, sífilis, vírus como zika e covid, pneumonia, possuem algumas bactérias que podem colonizar esse bebê e levar ao óbito”, acrescenta Nélio.

No caso de Micheli, que teve um óbito fetal após uma gestação avançada, em cerca de 40 semanas, o risco maior pode ser ainda por uma insuficiência placentária, com condições da própria placenta. “No caso da Tati, ela estava de 33 semanas, antes das 37 semanas. Isso abre uma chave maior para a gente discutir diversas causas”, explica o médico.

Não é comum, mas acontece

Segundo pesquisa levantada pelo profissional, as mortes em mais de 20 semanas caíram de uma média de 33 para 23 por mil nascimentos. As taxas de natimortos em países de baixa renda é mais alta — aproximadamente 36,3 mortes por mil nascimentos. A maior parte de casos de morte fetal intrauterina ocorre na África Subsaariana e no sul da Ásia, sendo 77% dos casos de todo o mundo.

Como é a retirada do bebê

Tati e Micheli Machado precisaram passar pelo parto para a retirada do feto. O médico destaca que, conforme orientação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a prioridade é saber dar acolhimento às pacientes.

“Precisamos explicar de forma precisa o que ocorreu e orientar da melhor forma. Escutar e entender todas as emoções dessa paciente que passa por um momento muito difícil. Todos os acompanhantes podem ficar com a paciente se isso for desejo dela durante a retirada”, explica o profissional.

A indicação é que o parto seja o mais natural possível, ou seja, de forma vaginal. “São poucas as indicações de cesárea, que é um procedimento cirúrgico”, destaca o obstetra.

“Se ela for uma mulher que já tiver múltiplas cesáreas, se for, por exemplo, um caso de descolamento de placenta, e se o bebê não estiver bem posicionado, podemos optar pelo método da cesárea”, acrescentou ele, indicando que cada paciente deve ser avaliada pelo próprio ginecologista obstetra.

“O processo de parto impacta diretamente na forma de processar o luto. É necessário, novamente, uma equipe que saiba comunicar e que efetivamente cuide dessa família. Precisa validar toda a emoção que está envolvida, porque é realmente uma tragédia”, conclui Nélio Veiga Júnior.

Maternidade e as alterações hormonais na gravidez

Gravidez tardia: como evitar os principais riscos e se planejar

*Com informações de Nathalie Ayres, da CNN.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Perda de bebê com gestação avançada: entenda possíveis causas de óbito no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.