Queda de energia em Granada desencadeou apagão na Espanha e Portugal

"IncidenteMinistra diz que três incidentes em 20 segundos em Granada, Badajoz e Sevilha geraram perda de 2,2 gigawatts e desconexão da rede. Ela descarta ataque cibernético e diz que investigação da causa continua.Uma queda abrupta na geração de energia numa subestação em Granada, seguida por falhas poucos segundos depois em Badajoz e Sevilha, desencadeou o apagão sem precedentes ocorrido em toda a Espanha e em Portugal em 28 de abril, disse a ministra espanhola da Transição Ecológica, Sara Aagesen, nesta quarta-feira (14/05).

Perante o Congresso espanhol, a responsável pela pasta da Energia detalhou os eventos que levaram ao apagão que deixou toda a Península Ibérica sem energia por horas.

Segundo ela, que lidera uma comissão de investigação da qual participam empresas de energia elétrica do país e especialistas, duas fortes oscilações no sistema elétrico foram detectadas nos 30 minutos que antecederam o apagão, às 12h03 e às 12h19.

Após essas flutuações, três incidentes separados ocorreram às 12h33, num período de cerca de 20 segundos: o primeiro numa subestação elétrica na província de Granada (sul), o segundo perto de Badajoz (sudoeste) e o terceiro na província de Sevilha (sul).

A soma desses três eventos equivale a uma perda de pouco mais de 2,2 gigawatts em 20 segundos, o que levou a uma desconexão automática da península do sistema europeu, explicou a ministra.

Ataque cibernético é descartado

Esta é a primeira vez que as autoridades espanholas apontam uma origem específica. Porém, a causa da queda ainda não foi determinada. Isso poderá levar tempo e provavelmente não haverá respostas simples para o que parece ser uma questão complexa, disse Aagesen.

“Ainda precisamos determinar até que ponto essas duas flutuações que foram notadas 30 minutos antes” do apagão “têm algo a ver com o incidente elétrico”, acrescentou a ministra, pedindo novamente cautela na determinação das causas do incidente. “Estamos analisando milhões de dados “, disse Aagesen.

A ministra descartou a possibilidade de um ataque cibernético à rede elétrica ter causado o apagão massivo. “Não há nenhuma indicação do operador do sistema de que a rede elétrica tenha sido alvo de um ataque cibernético”, afirmou.

Ela disse que a investigação do governo também está analisando relatos de operadoras sobre volatilidade nos dias anteriores ao apagão e examinando o excesso de tensão como uma possível causa para a perda de geração.

Aagasen, em linha com o que têm dito as autoridades da Espanha nas últimas semanas, disse aos deputados que, depois das primeiras análises, sabe-se que não foi “nem um problema de cobertura, nem um problema de reservas, nem um problema de tamanho das redes”.

“Não houve nenhum alerta”

Ela também negou as sugestões de alguns parlamentares da oposição de que o governo havia recebido e ignorado alertas de especialistas sobre a possibilidade de um grande apagão, acrescentando que seria prematuro atribuir responsabilidades até que se saiba o que aconteceu naquele dia. “Não houve nenhum alerta, nenhum aviso”, disse ela.

O uso de energia renovável pela Espanha como parte crescente de sua geração de eletricidade tem sido alvo de escrutínio desde o apagão, assim como seu plano de eliminar gradualmente a energia nuclear até 2035.

Críticos disseram que um possível fator que contribuiu para a interrupção pode ter sido a falta da chamada “inércia da rede”, devido à participação relativamente pequena de geração nuclear e de combustíveis fósseis na matriz energética da Espanha.

Aagesen defendeu a política energética do governo, afirmando que as energias renováveis reduziram as contas de energia para residências e empresas e permitirão que a Espanha atraia mais investimentos, proporcionando maior autonomia energética num momento de instabilidade geopolítica.

O sistema elétrico espanhol continua a utilizar o mesmo nível de energias renováveis que utilizava antes e durante a interrupção, afirmou. “Um mix com mais energias renováveis reduz os riscos externos. Permite-nos antecipar, adaptar-nos e responder rapidamente a qualquer eventualidade.”

Aagesen se manifestou aberta à ideia de prolongar a vida útil das usinas nucleares, mas apenas se os operadores puderem garantir a sua segurança e preços aceitáveis para os consumidores e se isso puder ser demonstrado como uma contribuição para a segurança do abastecimento.

as/bl (Reuters, Efe, Lusa)

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