Metade das organizações femininas em zonas de crise correm o risco de fechar em seis meses

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Organizações lideradas por mulheres que atuam em contextos de crise estão sendo levadas ao limite por cortes generalizados de financiamento. Em relatório publicado nesta semana, a ONU Mulheres, agência das Nações Unidas para igualdade de gênero, alertou que 47% desses grupos podem ser forçados a fechar as portas nos próximos seis meses.

Em 73 países, 308 milhões de pessoas dependem atualmente de ajuda humanitária — um número que continua a crescer. Mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas por essas crises, enfrentando mortes evitáveis relacionadas à gravidez, desnutrição e níveis alarmantes de violência sexual.

Apesar do aumento da demanda, o sistema humanitário enfrenta graves déficits orçamentários, colocando em risco serviços essenciais para mulheres e meninas.

Programas suspensos

Segundo uma pesquisa da ONU realizada com 411 organizações de mulheres e de direitos das mulheres que atuam em áreas de crise, 90% já sofreram cortes no financiamento.

Um total impressionante de 51% foi forçado a suspender programas — incluindo aqueles voltados ao apoio de sobreviventes de violência de gênero.

Mulher faz tricô durante festival da ONU em El Fasher, Sudão (Foto: UN Photo/ Mohamad Almahady)

Empurradas ao limite, quase três quartos das organizações entrevistadas também relataram ter demitido funcionários — muitas vezes em números significativos.

Mesmo já operando com financiamento insuficiente antes da onda recente de cortes, essas organizações funcionam como um “salva-vidas” para mulheres e meninas, especialmente em contextos de crise.

Com essas entidades atuando como pilares da resposta humanitária, Sofia Calltorp, chefe de Ação Humanitária da ONU Mulheres, classificou a situação como “crítica”, já que os cortes ameaçam serviços essenciais e que salvam vidas.

Liderança local feminina

Apesar dos desafios crescentes, as organizações de mulheres continuam firmes — “liderando com coragem, defendendo suas comunidades e reconstruindo vidas com resiliência e determinação”, afirmou a agência da ONU para igualdade de gênero.

Diante das conclusões do relatório, a ONU Mulheres recomenda que seja dada prioridade ao financiamento direto, flexível e de longo prazo para organizações lideradas por mulheres e que atuam na promoção de direitos femininos, cujos trabalhos estão ameaçados.

Colocar a liderança local de mulheres e sua participação significativa no centro da resposta humanitária é um dos pilares centrais da reconstrução do sistema. “Apoiar e financiar essas organizações não é apenas uma questão de igualdade e direitos, mas também uma necessidade estratégica”, afirmou Calltorp.

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