Rússia mantém o maior arsenal nuclear do mundo, mas modernização é mais lenta que o imaginado

A Rússia continua a possuir o maior arsenal nuclear do planeta em 2025, com aproximadamente 4,3 mil ogivas nucleares estratégicas e táticas, segundo estimativa publicada pelo Bulletin of the Atomic Scientists nesta semana. O relatório indica uma redução de 71 ogivas em relação ao ano anterior, atribuída principalmente a ajustes nas estimativas de armas não estratégicas.

O estudo, elaborado por especialistas da Federação de Cientistas Americanos, destaca que Moscou está nos estágios finais de um programa de modernização de décadas, visando substituir sistemas nucleares da era soviética por versões mais recentes. Entretanto, o processo enfrenta atrasos significativos, o que pode postergar a entrada em operação desses novos armamentos.

“Apesar da ênfase retórica contínua de Moscou em suas forças nucleares, imagens comerciais de satélite e outras fontes abertas indicam que elementos da modernização nuclear da Rússia estão avançando muito mais lentamente do que o planejado”, diz o artigo, assinado por Hans M. Kristensen, Matt Korda, Eliana Johns e Mackenzie Knight.

Míssil russo com capacidade nuclear (Foto: reprodução/Facebook)

Entre as atualizações planejadas está a substituição dos mísseis balísticos intercontinentais Topol-M, equipados com uma única ogiva, pelos RS-24 Yars, que possuem múltiplas ogivas independentes. Essa mudança poderia adicionar centenas de ogivas ao arsenal estratégico russo.

Apesar das previsões do Pentágono há cinco anos sobre um aumento significativo nas armas nucleares não estratégicas da Rússia, tal expansão ainda não se concretizou. O relatório também observa que um depósito de armas nucleares em Belarus está próximo da conclusão, sinalizando uma possível ampliação da presença nuclear russa fora de seu território.

O relatório ressalta que, embora o número de lançadores estratégicos russos não deva mudar significativamente no futuro próximo, o número de ogivas atribuídas a eles pode aumentar. Sem deixar de considerar o armamento que teoricamente está fora de uso.

“Além do estoque militar para as forças operacionais, um grande número — aproximadamente 1.150 — de ogivas aposentadas, mas ainda em grande parte intactas, aguardam o desmantelamento, para um inventário total de aproximadamente 5.459 ogivas”, afirmam os autores.

O esforço da Rússia para modernizar seu arsenal nuclear está fortemente associado ao objetivo político de se manter em pé de igualdade com os EUA, tanto em termos de poder militar quanto de influência global. Para o Kremlin, preservar essa paridade é também uma forma de afirmar o prestígio nacional e reforçar sua posição como potência global diante da comunidade internacional.

Outro fator que impulsiona essa modernização é a percepção de vulnerabilidade diante das limitações das forças convencionais russas. A liderança do país há décadas enxerga o sistema de defesa antimísseis dos EUA como uma ameaça direta à eficácia de sua capacidade de resposta nuclear. Nesse cenário, atualizar seus armamentos estratégicos seria uma forma de contornar esses obstáculos e manter uma postura dissuasória crível frente aos avanços militares do Ocidente.

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